Alzheimer: O que fazer e o que não fazer!











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Por Maramélia Miranda ** (Atualizado em Setembro de 2016)

Aos cuidadores, familiares, pessoas que moram ou convivem com pacientes que tem o diagnóstico de Demência por Doença de Alzheimer, ou outros tipos de demência menos comuns, abaixo relaciono uma listinha do que devemos e do que não devemos fazer no cuidado diário destas pessoas.

Tarefas da vida diária: Deixá-los dependentes, ou independentes?!
Nos estágios mais leves e iniciais, os cuidadores e familiares podem, e DEVEM!!! Devem tentar manter os portadores de demências o máximo independentes possível, respeitando, é claro, o que poderão realizar de atividades de vida diária.
A reação inicial, por instinto protetor, e como forma de cuidar, proteger ou ajudar poderia ser, por exemplo, tentar ajudar o doente em tudo!!! Está errado! O cuidar é mais complexo nestes casos. Às vezes, melhor cuidar significa tentar fazer a pessoa doente fazer aquela tarefa… Ajudando-a apenas quando é preciso. Portanto,a seguir relatamos algumas diquinhas importantes:

No dia-a-dia…

* Crie uma rotina – Planejando o dia, os horários, de alimentar-se, almoçar, tomar os remédios, banhar-se, vestir-se, passear na rua, ou no jardim, etc, cria uma ordem, e menor confusão na mente dos idosos com Alzheimer, ou com outros tipos de demência.

* “Muita calma nessa hora” – Ter calma é uma das regras básicas para os cuidadores e famílias de idosos com demências. É óbvio que eles não irão se vestir no mesmo tempo que você se veste. Se você ou o cuidador são impacientes, o que acontecerá? Você ou quem cuida tenderá a fazer a atividade pela pessoa, como, por exemplo, se vestir ou escovar os dentes, ou tomar o banho. Isso cria um ciclo vicioso, onde o doente perderá lentamente a capacidade de fazer ou ajudar a fazer aquela tarefa. Você ou o cuidador pensará: “Ganho tempo vestindo-o mais rápido”. Doce ilusão. Você o acostumará a não fazer aquilo, e depois de algumas semanas, você terá mais trabalho, e ele (ou ela) não te ajudará em mais uma coisa, e a tendência é tudo piorar. É uma verdadeira bola de neve. Moral da história? Tenha calma, e deixe que o doente faça o MÁXIMO de coisas que possa fazer, mesmo que com sua pequena supervisão… Confie em mim… Isso fará com que o declínio para fazer estas tarefas seja mais lento.
* Limite as escolhas possíveis – Se for o caso de uma escolha de roupas, por exemplo, não mostre o armário todo, e prefira dar duas opções de camisa ou calça, ou vestimenta, por exemplo. O idoso, que já está meio confuso por causa da doença, irá te agradecer por você facilitar a mente dele. Para mulheres, por exemplo, não transforme a escolha de um acessório num transtorno; elimine escolhas como brincos ou colares, cintos ou correntes, etc. Quanto menores as opções, mais fáceis as escolhas e o trabalho mental dos doentes, e menor a possibilidade de se criar irritação e confusão mental, ou agitação nestas horas…

* Oriente instruções simples – Ao orientar como fazer uma tarefa, não instrua tudo de uma vez. Um passo de cada vez facilitará o seu trabalho como cuidador, e o entendimento do paciente. E poderá evitar, inclusive, que este fique nervoso, irritado em não conseguir fazer o que no passado conseguia mais facilmente.

* Reduza distrações durante uma tarefa – Ao comer, se possível, desligue a TV; ao vestir o doente, por exemplo, evite conversar sobre outro assunto; tentar fazer uma tarefa de cada vez, sem arrumar outras distrações durante aquela ação, facilita o fazer para o paciente, e agiliza o terminar da tarefa para o cuidador.

* Seja flexível quando precisar mudar algo – Se o doente não gosta mais daquela comida, ajuste o cardápio; se só quer agora usar a mesma roupa todos os dias, tente comprar outras roupas semelhantes, até mesmo iguais, e durante o banho dele, troque a roupa suja pela nova igualzinha… Esqueça de tentar convencê-lo do contrário, quando o doente insistir fixamente naquela ideia. Não se desgaste, nem desgaste a pessoa doente.

Na segurança…

* Previna quedas – Evite ter tapetes pela casa, muitos móveis atrapalhando o caminho, espaços pequenos e apertados, caminhos muito sinuosos. Se puder, instale barras para ajudar a pessoa a se equilibrar e evitar quedas, em locais mais críticos (como banheiros, escadas, corredores longos, ou nos boxes dos banheiros, por exemplo).

* “Armas” domésticas – Não deixe medicamentos, álcool, fogo, armas de fogo (revólveres, por exemplo), ferramentas pesadas ou utensílios domésticos mais perigosos, como facas e garfos afiados, ao alcance de pessoas com demência. Ou você deve arrumar uma fechadura para os armários e gavetas contendo isso, ou deixe-os em local inacessível ou desconhecido da casa.

* Queimaduras com água – Mantenha a temperatura do aquecimento da água em nível ameno. Isso previne queimadura em alguma situação imprevisível (por exemplo, o doente ir banhar-se sem sua ajuda).

Agitação e agressividade

Esta é uma das principais queixas de quem cuida de pessoas com demências ou muito idosos, em casas ou hospitais. Os sintomas de agitação, gemência, tremores, inquetação, chegando até mesmo a casos com gritos ou agressividade, são muito, muito frequentes… E vocês, família ou cuidadores, podem evitá-los consultando, inicialmente, o médico que assiste aquele doente, que poderá dar alguma medicação para este controle. Mas além disso, existem algumas medidas tão simples, que podem ajudar imensamente a reduzir que isso ocorra.
Para confusões e agitação…
* Observe se há algum padrão de agitação no seu paciente / familiar – É frequente um horário mais comum quando estes pacientes ficam mais inquietos e agitados. Isso é comum no final do dia, no entardecer, ou começo da noite. Fique atento aos horários mais comuns em que isso ocorre no seu familiar, ou paciente, para informar isso ao médico, e para que possa fazer algumas estratégias de como reduzir isso.
* Medidas simples para reduzir delirium / agitação – Delirium é como médicos e neuros chamam estas agitações frequentes em Alzheimer. Ocorre pela própria doença, e este problema pode ser minimizado com medidas simples, como, por exemplo, deixar a pessoa em local iluminado, arejado, abrindo bem as janelas durante o dia, para que a pessoa perceba que o dia está acabando e a noite irá chegar. Deixar a pessoa fechada, reclusa, sem noção do tempo, piora este sintoma frequente em portadores de demências. Outra coisa legal de se fazer é sempre deixar a pessoa portadora de demência com objetos conhecidos seus, um rádio, um souvenir, seu próprio óculos, ou, por exemplo, quando está fora de sua casa, com seu travesseiro, seu cobertor. Manter a pessoa próximo de sua rotina e de seus pertences dá uma segurança para o portador de demência, e pode reduzir a ocorrência destas agitações.
* Agitação à noite e durante madrugada – É beeeeemmmm frequente. Principalmente se você deixar o vovô ou a vovó dormir um monte durante o dia!!!! É óbvio que o paciente tenderá a trocar o dia pela noite, e a situação pode ficar literalmente infernal para ambas as partes… Nestes casos, sempre lembrar que o dia é para ficar desperto, e a noite é para dormir. Pode dar cochilos? Pode. Mas em horários curtos, no máximo 1-2 horinhas à tarde. Apenas. Se a agitação, gemência, e confusão mental ficarem muito intensas mesmo fazendo estas medidas de não deixar dormir de dia, tem que falar com o médico, para que se prescreva algum remédio sedativo para ajudar na insônia e delirium noturno.

* Medidas simples de higiene do sono – O básico do básico para evitar qualquer tipo de insônia também se aplica para os casos de Alzheimer e outras demências:
— Evitar grandes refeições em horários muito tarde da noite; Evitar alimentos e bebidas psicoestimulantes (açucar, chocolates, cafeína, chás fortes, etc). Evitar ter TV dentro do quarto de dormir. Evitar contato com celulares e computadores; Evitar locais barulhentos. Instalar janelas anti-ruídos, se o local da casa ou apartamento for muito barulhento; Se possível e o paciente gostar, usar músicas relaxantes no horário do sono…

** Dra. Maramélia Miranda é neurologista com formação pela UNIFESP-EPM, editora do blog iNeuro.com.br.
Fontes:
http://www.ineuro.com.br/

Imagem: http://cefal-unifal.blogspot.com.br/
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