Autoestima molda imagem corporal de adolescentes

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A maioria das estudantes do ensino médio associa roupas de grife à beleza física e acreditam que dietas e programas de exercícios divulgados pela mídia podem, de fato, resultar em um “corpo perfeito”. A satisfação com a própria aparência, no entanto, depende mais da autoestima do que de referências veiculadas em revistas e na televisão. Essa é a conclusão do estudo conduzido pela engenheira de alimentos Jane Palermo, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).


A pesquisadora aplicou um questionário sobre crenças e percepções a respeito do próprio corpo a 127 adolescentes de uma escola pública de Campinas. As perguntas abordavam aspectos como o peso da opinião dos familiares e se associavam beleza ao sucesso profissional. Ela observou que as voluntárias com as medidas dentro dos padrões estabelecidos não eram necessariamente as mais seguras a respeito da própria aparência. Várias participantes com sobrepeso, aliás, mostraram-se satisfeitas. Para a pesquisadora, apesar das pressões da mídia e da sociedade a avaliação da própria imagem é subjetiva e não se baseia apenas na percepção física. Algumas consideram aspectos como ter bom humor ou serem extrovertidas na autoavaliação. Da mesma forma, é comum que mesmo meninas magras ou de peso normal adotem dietas drásticas ou acreditem que são marginalizadas por causa do corpo.


Com informações do site Viver Mente - UOL


Psicologia Viva

Transtorno Afetivo


MANIA – BIPOLAR

O que é?

O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar. Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.
A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.


Características

O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade.

Tipos

Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos: o tipo I e o tipo II. O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os depressivos. As fases maníacas não precisam necessariamente ser seguidas por fases depressivas, nem as depressivas por maníacas. Na prática observa-se muito mais uma tendência dos pacientes a fazerem várias crises de um tipo e poucas do outro, há pacientes bipolares que nunca fizeram fases depressivas e há deprimidos que só tiveram uma fase maníaca enquanto as depressivas foram numerosas. O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania com depressão.
Outros tipos foram propostos por Akiskal, mas não ganharam ampla aceitação pela comunidade psiquiátrica. Akiskal enumerou seis tipos de distúrbios bipolares.

→Fase maníaca

Tipicamente leva uma a duas semanas para começar e quando não tratado pode durar meses. O estado de humor está elevado podendo isso significar uma alegria contagiante ou uma irritação agressiva. Junto a essa elevação encontram-se alguns outros sintomas como elevação da auto-estima, sentimentos de grandiosidade podendo chegar a manifestação delirante de grandeza considerando-se uma pessoa especial, dotada de poderes e capacidades únicas como telepáticas por exemplo. Aumento da atividade motora apresentando grande vigor físico e apesar disso com uma diminuição da necessidade de sono. O paciente apresenta uma forte pressão para falar ininterruptamente, as idéias correm rapidamente a ponto de não concluir o que começou e ficar sempre emendando uma idéia não concluída em outra sucessivamente: a isto denominamos fuga-de-idéias.. O paciente apresenta uma elevação da percepção de estímulos externos levando-o a distrair-se constantemente com pequenos ou insignificantes acontecimentos alheios à conversa em andamento. Aumento do interesse e da atividade sexual. Perda da consciência a respeito de sua própria condição patológica, tornando-se uma pessoa socialmente inconveniente ou insuportável. Envolvimento em atividades potencialmente perigosas sem manifestar preocupação com isso. Podem surgir sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia o que não significa uma mudança de diagnóstico, mas mostra um quadro mais grave quando isso acontece.

→Fase depressiva

É de certa forma o oposto da fase maníaca, o humor está depressivo, a auto-estima em baixa com sentimentos de inferioridade, a capacidade física esta comprometida, pois a sensação de cansaço é constante. As idéias fluem com lentidão e dificuldade, a atenção é difícil de ser mantida e o interesse pelas coisas em geral é perdido bem como o prazer na realização daquilo que antes era agradável. Nessa fase o sono também está diminuído, mas ao contrário da fase maníaca, não é um sono que satisfaça ou descanse, uma vez que o paciente acorda indisposto. Quando não tratada a fase maníaca pode durar meses também.

Exemplo de como um paciente se sente:

…Ele se sente bem, realmente bem…, na verdade quase invencível. Ele se sente como não tendo limites para suas capacidades e energia. Poderia até passar dias sem dormir. Ele está cheio de idéias, planos, conquistas e se sentiria muito frustrado se a incapacidade dos outros não o deixasse ir além. Ele mal consegue acabar de expressar uma idéia e já está falando de outra numa lista interminável de novos assuntos. Em alguns momentos ele se aborrece para valer, não se intimida com qualquer forma de cerceamento ou ameaça, não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior a sua. Com a mesma rapidez com que se zanga, esquece o ocorrido negativo como se nunca tivesse acontecido nada. As coisas que antes não o interessava mais lhe causam agora prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento são para ele amistosas e bondosas.

Sintomas (maníacos):

Sentimento de estar no topo do mundo com um alegria e bem estar inabaláveis, nem mesmo más notícias, tragédias ou acontecimentos horríveis diretamente ligados ao paciente podem abalar o estado de humor. Nessa fase o paciente literalmente ri da própria desgraça.
Sentimento de grandeza, o indivíduo imagina que é especial ou possui habilidades especiais, é capaz de considerar-se um escolhido por Deus, uma celebridade, um líder político. Inicialmente quando os sintomas ainda não se aprofundaram o paciente sente-se como se fosse ou pudesse ser uma grande personalidade; com o aprofundamento do quadro esta idéia torna-se uma convicção delirante.
Sente-se invencível, acham que nada poderá detê-las.
Hiperatividade, os pacientes nessa fase não conseguem ficar parados, sentados por mais do que alguns minutos ou relaxar.
O senso de perigo fica comprometido, e envolve-se em atividade que apresentam tanto risco para integridade física como patrimonial.
O comportamento sexual fica excessivamente desinibido e mesmo promíscuo tendo numerosos parceiros num curto espaço de tempo.
Os pensamentos correm de forma incontrolável para o próprio paciente, para quem olha de fora a grande confusão de idéias na verdade constitui-se na interrupção de temas antes de terem sido completados para iniciar outro que por sua vez também não é terminado e assim sucessivamente numa fuga de idéias.
A maneira de falar geralmente se dá em tom de voz elevado, cantar é um gesto frequente nesses pacientes.
A necessidade de sono nessa fase é menor, com poucas horas o paciente se restabelece e fica durante todo o dia e quase toda a noite em hiperatividade.
Mesmo estando alegre, explosões de raiva podem acontecer, geralmente provocadas por algum motivo externo, mas da mesma forma como aparece se desfaz.

A fase depressiva

Na fase depressiva ocorre o posto da fase maníaca, o paciente fica com sentimentos irrealistas de tristeza, desespero e auto-estima baixa. Não se interessa pelo que costumava gostar ou ter prazer, cansa-se à-toa, tem pouca energia para suas atividades habituais, também tem dificuldade para dormir, sente falta do sono e tende a permanecer na cama por várias horas. O começo do dia (a manhã) costuma ser a pior parte do dia para os deprimidos porque eles sabem que terão um longo dia pela frente. Apresenta dificuldade em concentra-se no que faz e os pensamentos ficam inibidos, lentificados, faltam idéias ou demoram a ser compreendidas e assimiladas. Da mesma forma a memória também fica prejudicada. Os pensamentos costumam ser negativos, sempre em torno de morte ou doença. O apetite fica inibido e pode ter perda significativa de peso.

Generalidades

Entre uma fase e outra a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa qualquer; outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não se recuperam, tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.
A denominação Transtorno Afetivo Bipolar é adequada? Até certo ponto sim, mas o nome supõe que os pacientes tenham duas fases, mas nem sempre isso é observado. Há pacientes que só apresentam fases de mania, de exaltação do humor, e mesmo assim são diagnosticados como bipolares. O termo mania popularmente falando não se aplica a esse transtorno. Mania tecnicamente falando em psiquiatria significa apenas exaltação do humor, estado patológico de alegria e exaltação injustificada.
O transtorno de personalidade, especialmente o borderline pode em alguns momentos se confundir com o transtorno afetivo bipolar. Essa diferenciação é essencial porque a conduta com esses transtornos é bastante diferente.

Qual a causa da doença?

A causa propriamente dita é desconhecida, mas há fatores que influenciam ou que precipitem seu surgimento como parentes que apresentem esse problema, traumas, incidentes ou acontecimentos fortes como mudanças, troca de emprego, fim de casamento, morte de pessoa querida.
Em aproximadamente 80 a 90% dos casos os pacientes apresentam algum parente na família com transtorno bipolar.

Como se trata?

O lítio é a medicação de primeira escolha, mas não é necessariamente a melhor para todos os casos. Frequentemente é necessário acrescentar os anticonvulsivantes como o tegretol, o trileptal, o depakene, o depakote, o topamax.
Nas fases mais intensas de mania pode se usar de forma temporária os antipsicóticos. Quando há sintomas psicóticos é quase obrigatório o uso de antipsicóticos. Nas depressões resistentes pode-se usar com muita cautela antidepressivos. Há pesquisadores que condenam o uso de antidepressivo para qualquer circunstância nos pacientes bipolares em fase depressiva, por causa do risco da chamada “virada maníaca”, que consiste na passagem da depressão diretamente para a exaltação num curto espaço de tempo.
O tratamento com lítio ou algum anticonvulsivante deve ser definitivo, ou seja, está recomendado o uso permanente dessas medicações mesmo quando o paciente está completamente saudável, mesmo depois de anos sem ter problemas. Esta indicação se baseia no fato de que tanto o lítio como os anticonvulsivantes podem prevenir uma fase maníaca poupando assim o paciente de maiores problemas. Infelizmente o uso contínuo não garante ao paciente que ele não terá recaídas, apenas diminui as chances disso acontecer.
Pacientes hipertensos sem boa resposta ao tratamento de primeira linha podem ainda contar com o verapamil, uma medicação muito usada na cardiologia para controle da hipertensão arterial que apresenta efeito anti-maníaco. A grande desvantagem do verapamil é ser incompatível com o uso simultâneo do lítio, além da hipotensão que induz nos pacientes normotensos.

Fonte: http://www.psicosite.com.br/
          http://fastlove.wordpress.com

A falta do desejo sexual entre o casal


O prazer sexual não se prende apenas a alguns momentos que sustentam o ato em si, mas se estende por dias a fio, nos quais o casal ainda alimenta, com gestos de carinho.

Ninguém nos conhece melhor do que o nosso cônjuge, pois, diariamente, por meio da vida partilhada, acompanha o desenvolver de nossas capacidades e conhece as nossas limitações. Contudo, desapontamentos hão de acontecer dentro do convívio entre marido e mulher, e para evitar que pequenas brigas gerem grandes “icebergs” nos relacionamentos, os casais precisam entender que, além de suas diferenças, eles estão também em constante formação.
Por natureza, homens e mulheres são diferentes na maneira de pensar e reagir. Não obstante, também o são naquilo que diz respeito ao comportamento sexual. Face a uma decepção, a convivência poderá se tornar mais ácida e o ressentimento poderá encontrar nesse terreno as condições ideais para corroer também os afetos e a atração mútua, provocando, consequentemente, a falta de interesse pela vida sexual. Não é difícil encontrar casais cujo motivo do desentendimento é a desarmonia no que diz respeito ao apetite sexual.
A relação sexual entre marido e mulher traz um significado muito maior, o qual supera o prazer genital. De maneira divina, o sexo expressa para o outro tudo aquilo que as palavras não mais traduzem; robustecendo, ao mesmo tempo, o vínculo e o comprometimento, os quais fecundam a relação entre ambos. Nisso compreende o casamento, cujo vínculo une corpo, alma e espírito fazendo com que casais perseverem em seus votos.
Essa sensação de realização do prazer sexual não se prende apenas a alguns momentos que sustentam o ato em si, mas se estende por dias a fio, nos quais o casal ainda alimenta, com gestos de carinho, aquele(a) que muito ama, resgatando sempre as expressões de indivíduos apaixonados.
Contudo, alguns maridos esperam que suas esposas estejam sempre prontas para seu deleite e, mesmo mal-humorados ou pouco asseados, pensam que a esposa tem a “obrigação” de servi-los no momento em que bem entendem. Para esses homens, infelizmente, o desejo pelo sexo se limita a ocasiões em que estão somente na cama com a esposa, distantes do mínimo de romantismo.
Ninguém pode forçar alguém a desejá-lo de maneira mais íntima, pois, a relação sexual não se limita apenas ao ato mecânico de movimentos, mas exige uma atenciosa preparação por parte dos cônjuges.
Para que a intimidade sexual não esfrie a esposa  precisa se sentir próxima  do seu conjuge; no entanto, na vida conjugal ser próximo não significa estar perto. Estimular o desejo sexual não se faz com presentes caros, idas a motéis, filmes pornográficos, entre outras coisas, mas sim, permitindo que a esposa se sinta importante para o marido e vice-versa. Para isso, há a necessidade de fazê-la se sentir cuidada, merecedora da atenção de quem a ama. Se necessário for, expresse o contentamento com elogios, flores, torpedos, bilhetes apaixonados, prestando ajuda nos seus afazeres, etc.. Sem exercer pressão, a esposa, naturalmente, dará delicados sinais ao marido de modo que este perceba quando ela estiver pronta para viver esse tipo de intimidade.
Ninguém poderá adivinhar o que se passa com o outro se este não reivindicar as mudanças naquilo que parece ser incômodo. Somente por meio do diálogo os casais podem aprender com as diferenças do sexo oposto, de forma a crescerem juntos no conhecimento almejado.
Assumir as responsabilidades com o cônjuge sobre a situação a que chegou o relacionamento será o primeiro passo para resolver os problemas. Muitas vezes, haverá necessidade simplesmente de quebrar o silêncio nocivo da intolerância e da inflexibilidade para dar chance ao entendimento. Omitir-se ou negar a oportunidade para o diálogo nunca será a melhor opção para evitar que o fogo do desejo se extinga entre os casais.
Leia tambem: O que as mulheres gostam de ouvir e outros artigos naTag Casamento.
Deus os abençoe!
Dado Moura



Apesar do Medo - VIDA SIMPLES - Repeteco

Apesar do Medo - VIDA SIMPLES

Resumo: Hoje meio que garimpando notícias sobre Psicologia, deparo-me num tema abrangente que é o medo! Rsolvi colar a notícia e, passar a todos que não tiveram o mesmo meu acesso no "garimpoweb".

Vivemos com tantas preocupacões – da gordura trans, de perder o emprego, de estranhos, da crise mundial –, a tal ponto que dizem que vivemos numa Era dos Temores. Não precisa ser assim. Podemos aprender a lidar com nossos medos. Não é fácil, mas é bem possível

Faz cinco noites que não durmo. Ou durmo assim meio sem dormir, sono interrompido, olhos abertos às 4 da manhã. Tenho sentido a cabeça muito cheia de coisas, perturbada por uma sucessão de histórias do passado e sonhos para o futuro que mudam de lugar como num caleidoscópio. Meu estômago queima, mas não sinto fome, meu pescoço dói sem qualquer movimento. Sinto falta de energia, como se nas minhas veias corresse uma mistura de água com açúcar. Tudo isso porque vou mudar. De cidade, de trabalho, de contexto. Deixar para trás rostos conhecidos, abraços garantidos, portas para bater. Estou com medo do que me espera e do que não me espera também. De ir e querer voltar, de partir e não chegar, de tentar e não conseguir.


Medo todo mundo tem. Porque o medo é um sentimento natural de quem está vivo e tem a função de alerta, de avisar o organismo de um perigo ou ameaça e provocar reações de proteção. O problema é que, diferentemente dos animais, temos a consciência de que um dia iremos morrer.

Do medo da morte derivam muitos medos que nos acompanham desde sempre e os que habitam nossa alma nos dias de hoje. Há quem diga que a nossa é a Era dos Temores. Temos medo de tudo: do cigarro, da gordura trans, do aquecimento global. Das notícias ruins, de falar com um estranho, da crise mundial. De ser assaltado, de perder o emprego e até mesmo de ser feliz. Como seria impossível escrever sobre todos os medos, escolhemos olhar mais de perto aqueles que são alimentados pelas inseguranças e ansiedades contemporâneas. Não vamos falar aqui de medo de barata, de elevador ou de avião. Nem dos eternos medos da velhice e da solidão. Talvez você tenha outros medos, assim como eu. Mas para todos eles o remédio é um só: enfrentar e aprender que o importante não é deixar de ter medo, mas sim tocar a vida apesar dos medos.

Medo do fracasso Se hoje um dos nossos maiores medos é o de fracassar, é porque uma das nossas maiores buscas é o sucesso. Passamos a vida determinados a conquistar coisas, pessoas e posições que nos levem ao sucesso, ligado, na nossa sociedade, à ideia de felicidade e de rea lização. O problema é que hoje, para ser bem-sucedido, é preciso superar níveis de exigência sempre mais altos. O mundo nos cobra competência, eficiência, excelência. E um espírito competidor: todos são seus concorrentes quando disputam um lugar ao sol com você. Quer uma vaga num concurso público? Então prepare-se para ser o melhor e deixar para trás milhares de outros candidatos. Seu sonho é trabalhar numa organização internacional? Pois trate de ter no currículo fl uência em inglês, francês, árabe e mandarim e ainda um título de mestre e outro de doutor. “Nossa cultura doutrinouse com a ideia de que nosso sucesso ou nosso fracasso está em nossas próprias mãos. O efeito dessa postura é carregar a pessoa com o equivalente moderno da culpa: o medo do fracasso”, escreve o criador da análise bionergética, Alexander Lowen, no livro Medo da Vida.

E essa parece ser a fórmula perfeita para muita gente entrar em parafuso. No capítulo “A sabedoria do fracasso”, Lowen afirma que nossa determinação em atingir recordes acaba sempre em colapso. Ficamos cansados por causa do esforço contínuo para alcançar objetivos inatingíveis e ficamos deprimidos porque fracassamos. Calma: você não precisa achar que é um ser inferior só porque tem medo de não conseguir. Com toda essa pressão e com as coisas no mundo postas desse jeito, é normal sentir medo porque não existe mesmo lugar para todos. Para o psiquiatra Flávio Gikovate, esse medo sociológico do fracasso é justificável. “Já o medo psicológico é quando a pessoa tem pouca tolerância à frustração e às adversidades; quando o medo de fracassar impede a ação, paralisa. A pessoa não arrisca. Quem tem medo do fracasso, medo de se frustrar, tem é medo de sofrer. E esse medo tem que ser enfrentado, porque quem não tenta, quem não experimenta, já fracassou.”

Medo dos outros Resolvi pegar um táxi para conversar com um motorista sobre o medo dos outros. Como pode alguém abrir, toda noite, seu carro para um desconhecido numa cidade como São Paulo? Encontrei alguém com mais medo de se jogar no mundo que de abrir as portas do táxi. Lau Gasparotto é um taxista de 45 anos que não tem medo de passageiro e sim medo de casar. Em 12 anos de profissão nunca foi assaltado, ao contrário dos muitos colegas que já perderam a conta das vezes que sentiram uma arma encostada na cabeça. Para diminuir os riscos, Lau começou a trabalhar com o radiotáxi, porque tem ao menos uma referência do passageiro que vai transportar. E para diminuir os riscos de sofrer de amor? Lau decidiu que não vai mais casar.

“Eu já fui casado, tenho duas filhas, mas separei. Não quero casar por puro medo: medo de essa nova pessoa não se adaptar a minha vida, medo de ela atrapalhar a relação com minhas filhas.” O taxista, que lamenta ter deixado o curso de psicologia pela metade, diz que hoje tem mais receio de casar que de ficar sozinho. “Eu vou logo avisando que comigo não tem compromisso. Aviso para a outra pessoa e para mim mesmo.”

Quem tem medo pensa em muros. Não importa se de concreto, para proteger nossas moradas, ou invisíveis, uma barreira entre nós e os outros. Com medo da violência abandonamos as ruas e procuramos abrigo em condomínios, apartamentos, shopping centers, carros blindados. Com medo do que o outro possa fazer, adotamos uma postura autodefensiva, desconfiamos antes de confiar, andamos para trás em vez de tentar. Para Flávio Gikovate, é normal sentir medo dos outros nos dias de hoje, apesar de esse ser um medo que existe há muito tempo. Mas se lá no passado a divisão entre amigos e inimigos era mais definida, feita por critérios como raça, religião e pátria, hoje a confiabilidade depende da percepção que temos do caráter das pessoas. “Se antes confiávamos nas pessoas até que se provasse o contrário, hoje desconfiamos sempre. E com razão. As relações de amizade estão muito complicadas, é difícil separar o que é amizade do que é interesse”, diz Gikovate.

Mas o que fazer então: evitar as calçadas e os encontros? Fechar as portas do coração? Bem, quem já se queimou ao colocar a mão no fogo evita chegar perto de um fogão de novo. Não tem jeito, as experiências passadas estruturam nosso comportamento para garantir a sobrevivência. Quem não consegue estabelecer relacionamentos com ninguém, porque sente medo da rejeição, na verdade queria muito estar com os outros, mas se afasta quando alguém se aproxima. E precisa de ajuda.

Para aqueles que acham que seus temores andam crescendo quase a ponto de paralisar, é preciso desenvolver a coragem, essa força racional capaz de ultrapassar o medo. “Mas não vencê-lo”, lembra Gikovate. “A gente não vai sem medo, a gente vai apesar do medo.”

Medo de crescer Às vezes a gente tem medo até daquilo que mais quer. A engenheira Bianca Ranzi passou por isso quando marcou a data do casamento, em 2004. Foi instantâneo: dia marcado, pânico instalado. “O mais absurdo é que a gente já morava junto, ou seja, já estávamos casados e estava tudo bem. Mas marcar o casamento me deu a impressão de que a partir dali seria vida de gente grande.” Nas duas semanas seguintes, a coisa ficou preta. “Fiquei superfria, acordava no meio da noite e olhava para ele pensando: será que é isso mesmo que eu quero? Passar o resto da minha vida com essa pessoa?” Até que não deu mais. Bianca chamou o quase marido para conversar e abriu o jogo. Enquanto dizia que estava com medo e não sabia se era aquilo mesmo que queria, ele escutava quieto. Quando ela acabou de falar, ele começou a rir. “Ele foi maior que o meu medo, confiou em mim, em nós e em tudo que já tínhamos vivido. Isso me fez cair na real, percebi que o verdadeiro casamento a gente já estava vivendo e que eu estava muito feliz.”

O que aconteceu a Bianca não é caso raro. O medo de crescer parece ser um mal difuso entre nós. Pense em si e em alguns amigos. Quantas vezes vocês não amarelaram na hora de definir uma situação, não deram um passo para trás no momento de dar aquele passo à frente? Como se fosse possível ir adiando a hora de se responsabilizar de verdade por aquilo que nos acontece, pelas escolhas que fazemos na vida. A gente quer porque quer casar, mas fica morrendo de medo dos compromissos que vêm com o casamento; queremos ter aquele emprego, mas não suportamos a parte ruim que vem junto com ele. Quando esse vai-não-vai fica sério, ganha até um nome: síndrome de Peter Pan. Adultos que sofrem desse mal se recusam a crescer, insistem em viver na Terra do Nunca e querem levar a vida simplesmente numa boa, sem encarar os problemas e as responsabilidades.

Para Cristina Martinez Werner, psicóloga e presidente da Associação de Terapia de Família do Rio de Janeiro, o medo de crescer poderia diminuir se a gente não pulasse uma etapa do ciclo da vida. “Morar sozinho é o período de crescer, um período de autoconhecimento importantíssimo para a pessoa se descobrir, saber quem é, aprender a ter responsabilidade. E na maioria das vezes nós riscamos essa fase, saímos da asa de proteção dos pais para ir morar junto com alguém.” A psicóloga lembra que cada fase da vida tem seus medos específicos e crescer não é diferente, já que, antes de mais nada, é uma mudança. “Mas o medo deve servir de dínamo, de motor para enfrentar os desafios e superar as dificuldades. Ele não pode impedir suas ações”, lembra a psicóloga.

Medo de mudanca Como se explica o medo do novo numa sociedade que cultua as novidades? Por que tanta gente reluta em mudar mesmo quando tudo está dando errado. “Medo de mudança é um medo saudável, faz parte da vida. A pessoa parte de uma situação conhecida, que domina, para uma situação nova, desconhecida. Parte da segurança para a insegurança, e aí pinta a angústia e o medo”, diz a psicóloga Cristina Werner. E para esse tipo de medo Cristina receita o melhor dos remédios: “Só com o tempo a pessoa vai se adaptar. O que é novo hoje não vai ser mais daqui a um mês”. Viu? Só mudando para o medo passar.

Mas, se com o tempo tudo se resolve, por que não mudar de cidade, de estado civil, de corte de cabelo? Por que não correr o risco de largar o emprego para correr atrás do sonho? Porque, mesmo que o mundo lá fora seja incerto e instável, as pessoas ainda buscam estabilidade, certezas e definições. As pessoas não querem mudar porque se acomodam.

“A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar- se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.” Depois de ler as palavras da escritora Marina Colasanti, tiradas do livro Eu Sei, mas não Devia, procure refl etir: você tem mais medo de mudar ou de se acostumar?

Medo do futuro O que é o futuro? Um lugar que não existe. “O futuro você pode pintar de colorido ou de preto. Pode ser atraente ou pode apavorar”, diz LIVROS Aprender a Viver – Filosofia para os Novos Tempos, Luc Ferry, Objetiva Dá para Ser Feliz... Apesar do Medo, Flavio Gikovate, MG Editores Medo da Vida, Alexander Lowen, Summus Ensaios sobre o Medo, Adauto Novaes, Senac INTERNET Você é capaz de viver sem medo? Responda em nosso fórum: www.revistavidasimples.com.br Gikovate. Mas como caminhar rumo ao desconhecido? Como olhar para o mundo e não ter medo do que pode acontecer? Será que vou estar empregada no mês que vem? Será que vamos ter filhos juntos? É difícil viver sem saber do amanhã. A gente tenta de todo jeito controlar o incontrolável, administrar o inadmi nistrável: há quem planeje passo a passo o próprio futuro, há quem procure os serviços de adivinhos e tarólogos para dar uma espiadinha no que está por vir. Porque é a incerteza que nos dá medo.

“Não existe medo sem incerteza: se tivermos a certeza absoluta de um mal futuro, já não se trata mais de medo, mas de desespero. Ora, a ideia da morte tem isso de particular, que é misturar uma certeza absoluta com uma incerteza também absoluta. É totalmente seguro que um dia morrerei, e absolutamente incerto quando (e onde? e como?)”, diz Francis Wolff, que participa do livro Ensaios sobre o Medo.

Bem, certezas o futuro nunca vai nos dar. Por isso talvez ajude um pouco de filosofia. Em Aprender a Viver, o filósofo francês Luc Ferry lembra que “os filosófos gregos pensavam no passado e no futuro como dois males que pesam sobre a vida humana, dois centros de todas as angústias que vêm estragar a única e exclusiva dimensão da existência que vale a pena ser vivida, simplesmente porque é a única real: a do instante presente”.

Para enfrentar meus medos do futuro, aqueles que contei no início desta matéria, e fazer a mudança que minha vida realmente pedia, usei a incrível força da esperança. Se vou ficar ou voltar, conseguir ou fracassar, hoje não importa. Eu acredito para poder seguir em frente. Se amanhã não der certo, paciência. Depois de amanhã pode dar.

texto Elisa Correa
fotos Flávio Demarchi


Livros Aprender a Viver – Filosofia para os Novos Tempos, Luc Ferry, Objetiva
Dá para Ser Feliz... Apesar do Medo, Flavio Gikovate, MG Editores
Medo da Vida, Alexander Lowen, Summus
Ensaios sobre o Medo, Adauto Novaes, Senac

Apesar do Medo - VIDA SIMPLES - Repeteco

Apesar do Medo - VIDA SIMPLES

Resumo: Hoje meio que garimpando notícias sobre Psicologia, deparo-me num tema abrangente que é o medo! Rsolvi colar a notícia e, passar a todos que não tiveram o mesmo meu acesso no "garimpoweb".

Vivemos com tantas preocupacões – da gordura trans, de perder o emprego, de estranhos, da crise mundial –, a tal ponto que dizem que vivemos numa Era dos Temores. Não precisa ser assim. Podemos aprender a lidar com nossos medos. Não é fácil, mas é bem possível

texto Elisa Correa
fotos Flávio Demarchi

Faz cinco noites que não durmo. Ou durmo assim meio sem dormir, sono interrompido, olhos abertos às 4 da manhã. Tenho sentido a cabeça muito cheia de coisas, perturbada por uma sucessão de histórias do passado e sonhos para o futuro que mudam de lugar como num caleidoscópio. Meu estômago queima, mas não sinto fome, meu pescoço dói sem qualquer movimento. Sinto falta de energia, como se nas minhas veias corresse uma mistura de água com açúcar. Tudo isso porque vou mudar. De cidade, de trabalho, de contexto. Deixar para trás rostos conhecidos, abraços garantidos, portas para bater. Estou com medo do que me espera e do que não me espera também. De ir e querer voltar, de partir e não chegar, de tentar e não conseguir.

Medo todo mundo tem. Porque o medo é um sentimento natural de quem está vivo e tem a função de alerta, de avisar o organismo de um perigo ou ameaça e provocar reações de proteção. O problema é que, diferentemente dos animais, temos a consciência de que um dia iremos morrer.

Do medo da morte derivam muitos medos que nos acompanham desde sempre e os que habitam nossa alma nos dias de hoje. Há quem diga que a nossa é a Era dos Temores. Temos medo de tudo: do cigarro, da gordura trans, do aquecimento global. Das notícias ruins, de falar com um estranho, da crise mundial. De ser assaltado, de perder o emprego e até mesmo de ser feliz. Como seria impossível escrever sobre todos os medos, escolhemos olhar mais de perto aqueles que são alimentados pelas inseguranças e ansiedades contemporâneas. Não vamos falar aqui de medo de barata, de elevador ou de avião. Nem dos eternos medos da velhice e da solidão. Talvez você tenha outros medos, assim como eu. Mas para todos eles o remédio é um só: enfrentar e aprender que o importante não é deixar de ter medo, mas sim tocar a vida apesar dos medos.

Medo do fracasso Se hoje um dos nossos maiores medos é o de fracassar, é porque uma das nossas maiores buscas é o sucesso. Passamos a vida determinados a conquistar coisas, pessoas e posições que nos levem ao sucesso, ligado, na nossa sociedade, à ideia de felicidade e de rea lização. O problema é que hoje, para ser bem-sucedido, é preciso superar níveis de exigência sempre mais altos. O mundo nos cobra competência, eficiência, excelência. E um espírito competidor: todos são seus concorrentes quando disputam um lugar ao sol com você. Quer uma vaga num concurso público? Então prepare-se para ser o melhor e deixar para trás milhares de outros candidatos. Seu sonho é trabalhar numa organização internacional? Pois trate de ter no currículo fl uência em inglês, francês, árabe e mandarim e ainda um título de mestre e outro de doutor. “Nossa cultura doutrinouse com a ideia de que nosso sucesso ou nosso fracasso está em nossas próprias mãos. O efeito dessa postura é carregar a pessoa com o equivalente moderno da culpa: o medo do fracasso”, escreve o criador da análise bionergética, Alexander Lowen, no livro Medo da Vida.

E essa parece ser a fórmula perfeita para muita gente entrar em parafuso. No capítulo “A sabedoria do fracasso”, Lowen afirma que nossa determinação em atingir recordes acaba sempre em colapso. Ficamos cansados por causa do esforço contínuo para alcançar objetivos inatingíveis e ficamos deprimidos porque fracassamos. Calma: você não precisa achar que é um ser inferior só porque tem medo de não conseguir. Com toda essa pressão e com as coisas no mundo postas desse jeito, é normal sentir medo porque não existe mesmo lugar para todos. Para o psiquiatra Flávio Gikovate, esse medo sociológico do fracasso é justificável. “Já o medo psicológico é quando a pessoa tem pouca tolerância à frustração e às adversidades; quando o medo de fracassar impede a ação, paralisa. A pessoa não arrisca. Quem tem medo do fracasso, medo de se frustrar, tem é medo de sofrer. E esse medo tem que ser enfrentado, porque quem não tenta, quem não experimenta, já fracassou.”

Medo dos outros Resolvi pegar um táxi para conversar com um motorista sobre o medo dos outros. Como pode alguém abrir, toda noite, seu carro para um desconhecido numa cidade como São Paulo? Encontrei alguém com mais medo de se jogar no mundo que de abrir as portas do táxi. Lau Gasparotto é um taxista de 45 anos que não tem medo de passageiro e sim medo de casar. Em 12 anos de profissão nunca foi assaltado, ao contrário dos muitos colegas que já perderam a conta das vezes que sentiram uma arma encostada na cabeça. Para diminuir os riscos, Lau começou a trabalhar com o radiotáxi, porque tem ao menos uma referência do passageiro que vai transportar. E para diminuir os riscos de sofrer de amor? Lau decidiu que não vai mais casar.

“Eu já fui casado, tenho duas filhas, mas separei. Não quero casar por puro medo: medo de essa nova pessoa não se adaptar a minha vida, medo de ela atrapalhar a relação com minhas filhas.” O taxista, que lamenta ter deixado o curso de psicologia pela metade, diz que hoje tem mais receio de casar que de ficar sozinho. “Eu vou logo avisando que comigo não tem compromisso. Aviso para a outra pessoa e para mim mesmo.”

Quem tem medo pensa em muros. Não importa se de concreto, para proteger nossas moradas, ou invisíveis, uma barreira entre nós e os outros. Com medo da violência abandonamos as ruas e procuramos abrigo em condomínios, apartamentos, shopping centers, carros blindados. Com medo do que o outro possa fazer, adotamos uma postura autodefensiva, desconfiamos antes de confiar, andamos para trás em vez de tentar. Para Flávio Gikovate, é normal sentir medo dos outros nos dias de hoje, apesar de esse ser um medo que existe há muito tempo. Mas se lá no passado a divisão entre amigos e inimigos era mais definida, feita por critérios como raça, religião e pátria, hoje a confiabilidade depende da percepção que temos do caráter das pessoas. “Se antes confiávamos nas pessoas até que se provasse o contrário, hoje desconfiamos sempre. E com razão. As relações de amizade estão muito complicadas, é difícil separar o que é amizade do que é interesse”, diz Gikovate.

Mas o que fazer então: evitar as calçadas e os encontros? Fechar as portas do coração? Bem, quem já se queimou ao colocar a mão no fogo evita chegar perto de um fogão de novo. Não tem jeito, as experiências passadas estruturam nosso comportamento para garantir a sobrevivência. Quem não consegue estabelecer relacionamentos com ninguém, porque sente medo da rejeição, na verdade queria muito estar com os outros, mas se afasta quando alguém se aproxima. E precisa de ajuda.

Para aqueles que acham que seus temores andam crescendo quase a ponto de paralisar, é preciso desenvolver a coragem, essa força racional capaz de ultrapassar o medo. “Mas não vencê-lo”, lembra Gikovate. “A gente não vai sem medo, a gente vai apesar do medo.”

Medo de crescer Às vezes a gente tem medo até daquilo que mais quer. A engenheira Bianca Ranzi passou por isso quando marcou a data do casamento, em 2004. Foi instantâneo: dia marcado, pânico instalado. “O mais absurdo é que a gente já morava junto, ou seja, já estávamos casados e estava tudo bem. Mas marcar o casamento me deu a impressão de que a partir dali seria vida de gente grande.” Nas duas semanas seguintes, a coisa ficou preta. “Fiquei superfria, acordava no meio da noite e olhava para ele pensando: será que é isso mesmo que eu quero? Passar o resto da minha vida com essa pessoa?” Até que não deu mais. Bianca chamou o quase marido para conversar e abriu o jogo. Enquanto dizia que estava com medo e não sabia se era aquilo mesmo que queria, ele escutava quieto. Quando ela acabou de falar, ele começou a rir. “Ele foi maior que o meu medo, confiou em mim, em nós e em tudo que já tínhamos vivido. Isso me fez cair na real, percebi que o verdadeiro casamento a gente já estava vivendo e que eu estava muito feliz.”

O que aconteceu a Bianca não é caso raro. O medo de crescer parece ser um mal difuso entre nós. Pense em si e em alguns amigos. Quantas vezes vocês não amarelaram na hora de definir uma situação, não deram um passo para trás no momento de dar aquele passo à frente? Como se fosse possível ir adiando a hora de se responsabilizar de verdade por aquilo que nos acontece, pelas escolhas que fazemos na vida. A gente quer porque quer casar, mas fica morrendo de medo dos compromissos que vêm com o casamento; queremos ter aquele emprego, mas não suportamos a parte ruim que vem junto com ele. Quando esse vai-não-vai fica sério, ganha até um nome: síndrome de Peter Pan. Adultos que sofrem desse mal se recusam a crescer, insistem em viver na Terra do Nunca e querem levar a vida simplesmente numa boa, sem encarar os problemas e as responsabilidades.

Para Cristina Martinez Werner, psicóloga e presidente da Associação de Terapia de Família do Rio de Janeiro, o medo de crescer poderia diminuir se a gente não pulasse uma etapa do ciclo da vida. “Morar sozinho é o período de crescer, um período de autoconhecimento importantíssimo para a pessoa se descobrir, saber quem é, aprender a ter responsabilidade. E na maioria das vezes nós riscamos essa fase, saímos da asa de proteção dos pais para ir morar junto com alguém.” A psicóloga lembra que cada fase da vida tem seus medos específicos e crescer não é diferente, já que, antes de mais nada, é uma mudança. “Mas o medo deve servir de dínamo, de motor para enfrentar os desafios e superar as dificuldades. Ele não pode impedir suas ações”, lembra a psicóloga.

Medo de mudanca Como se explica o medo do novo numa sociedade que cultua as novidades? Por que tanta gente reluta em mudar mesmo quando tudo está dando errado. “Medo de mudança é um medo saudável, faz parte da vida. A pessoa parte de uma situação conhecida, que domina, para uma situação nova, desconhecida. Parte da segurança para a insegurança, e aí pinta a angústia e o medo”, diz a psicóloga Cristina Werner. E para esse tipo de medo Cristina receita o melhor dos remédios: “Só com o tempo a pessoa vai se adaptar. O que é novo hoje não vai ser mais daqui a um mês”. Viu? Só mudando para o medo passar.

Mas, se com o tempo tudo se resolve, por que não mudar de cidade, de estado civil, de corte de cabelo? Por que não correr o risco de largar o emprego para correr atrás do sonho? Porque, mesmo que o mundo lá fora seja incerto e instável, as pessoas ainda buscam estabilidade, certezas e definições. As pessoas não querem mudar porque se acomodam.

“A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar- se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.” Depois de ler as palavras da escritora Marina Colasanti, tiradas do livro Eu Sei, mas não Devia, procure refl etir: você tem mais medo de mudar ou de se acostumar?

Medo do futuro O que é o futuro? Um lugar que não existe. “O futuro você pode pintar de colorido ou de preto. Pode ser atraente ou pode apavorar”, diz LIVROS Aprender a Viver – Filosofia para os Novos Tempos, Luc Ferry, Objetiva Dá para Ser Feliz... Apesar do Medo, Flavio Gikovate, MG Editores Medo da Vida, Alexander Lowen, Summus Ensaios sobre o Medo, Adauto Novaes, Senac INTERNET Você é capaz de viver sem medo? Responda em nosso fórum: www.revistavidasimples.com.br Gikovate. Mas como caminhar rumo ao desconhecido? Como olhar para o mundo e não ter medo do que pode acontecer? Será que vou estar empregada no mês que vem? Será que vamos ter filhos juntos? É difícil viver sem saber do amanhã. A gente tenta de todo jeito controlar o incontrolável, administrar o inadmi nistrável: há quem planeje passo a passo o próprio futuro, há quem procure os serviços de adivinhos e tarólogos para dar uma espiadinha no que está por vir. Porque é a incerteza que nos dá medo.

“Não existe medo sem incerteza: se tivermos a certeza absoluta de um mal futuro, já não se trata mais de medo, mas de desespero. Ora, a ideia da morte tem isso de particular, que é misturar uma certeza absoluta com uma incerteza também absoluta. É totalmente seguro que um dia morrerei, e absolutamente incerto quando (e onde? e como?)”, diz Francis Wolff, que participa do livro Ensaios sobre o Medo.

Bem, certezas o futuro nunca vai nos dar. Por isso talvez ajude um pouco de filosofia. Em Aprender a Viver, o filósofo francês Luc Ferry lembra que “os filosófos gregos pensavam no passado e no futuro como dois males que pesam sobre a vida humana, dois centros de todas as angústias que vêm estragar a única e exclusiva dimensão da existência que vale a pena ser vivida, simplesmente porque é a única real: a do instante presente”.

Para enfrentar meus medos do futuro, aqueles que contei no início desta matéria, e fazer a mudança que minha vida realmente pedia, usei a incrível força da esperança. Se vou ficar ou voltar, conseguir ou fracassar, hoje não importa. Eu acredito para poder seguir em frente. Se amanhã não der certo, paciência. Depois de amanhã pode dar.

Livros Aprender a Viver – Filosofia para os Novos Tempos, Luc Ferry, Objetiva
Dá para Ser Feliz... Apesar do Medo, Flavio Gikovate, MG Editores
Medo da Vida, Alexander Lowen, Summus
Ensaios sobre o Medo, Adauto Novaes, Senac

Novos Aspectos Fisiopatológicos Envolvidos no Transtorno Obsessivo-Compulsivo

Resumo: objetivo consultar em periódicos científicos eletrônicos os conceitos etiológicos mais utilizados para definir a fisiopatologia do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), a fim de, posteriormente, descrever os mecanismos responsáveis por sua classificação entre os estados patológicos associados à hiperativação do Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA). métodos: revisão não sistemática em fontes de dados secundários. conclusões: embora o TOC ainda seja considerado um transtorno idiopático e de características heterogêneos, a hipótese na qual sugere um funcionamento anômalo no circuito cortico-estriato-tálamo-cortical, possivelmente, em virtude da falta de intervenção inibitória do Núcleo Caudado desencadeie excesso da atividade talâmica, retroalimentando os pensamentos invasivos e/ou os comportamentos repetitivos originários do Córtex Órbito-Frontal, gerando níveis patológicos de ansiedade que, através da Amígdala, elevam a atividade do Eixo HHA.
Palavras-Chave
: Transtorno Obsessivo-Compulsivo, fisiopatológica, Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal, núcleo caudado, tálamo, córtex órbito-frontal.

Introdução

Atualmente, estima-se que, somente no Brasil, mais de 4,5 milhões de pessoas possuam algum tipo de transtorno psicológico. Dos transtornos emocionais, os transtornos de ansiedade são os problemas psiquiátricos mais frequentes em serviços de atendimento primário, e os mais comuns na população em geral. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, ao menos um quarto da população mundial sofre de algum dos subtipos inseridos nos transtornos de ansiedade. Do ponto de vista da saúde pública, a prevalência dos transtornos mentais é similar à dos distúrbios cardiovasculares, incluindo hipertensão (FREADMAN, 1983 apud BERNIK, 2003).
Segundo a 4ª edição do Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV), o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é um transtorno de ansiedade crônico, caracterizado pela presença de obsessões e/ou compulsões, que consomem ao menos uma hora por dia, e causam sofrimento ao paciente e/ou aos seus familiares. O Código Internacional de Doenças, entretanto, em sua 10ª edição (CID-10), embora apresente os mesmos critérios diagnósticos, exige que as obsessões e/ou compulsões estejam presentes na maioria dos dias por um período de no mínimo duas semanas. Tanto no DSM-IV quanto no CID-10 não existem diferenças nos critérios para o diagnóstico de crianças, adolescentes e adultos.
Obsessões são pensamentos, ideias, impulsos e imagens mentais recorrentes, intrusivos e vivenciados como desagradáveis e como próprios do individuo, ocasionando ansiedade ou mal estar, um estado de angústia patológica, que consomem muito tempo e interferem negativamente nos relacionamentos e atividades do portador. Compulsões são comportamentos ou atos mentais repetitivos, realizados para diminuir a angústia causada pelas obsessões, obedecendo a regras rígidas, forçando o individuo a agir contra sua vontade e podem ter a finalidade a evitação de uma situação temida. (APA, 1994 apud LAMBERT, 2006).
Jenike, Baer e Minichiello (1986 apud BARLOW e DURAND, 2008) observaram que as obsessões mais comuns em uma amostra de cem pacientes foram a contaminação (55%), os impulsos agressivos (50%), o teor sexual (32%), as preocupações somáticas (35%) e a necessidade por simetria (37%). Sessenta por cento dos que participaram da amostra apresentaram obsessões múltiplas. Leckman et al. (1977 apud ibidem) analisaram os tipos de compulsões em grupos grandes de pacientes e descobriram que verificar, ordenar e arrumar, além de lavar e limpar eram as principais categorias dos rituais.
FIGURA 1: Modelo Funcional do TOC
FIGURA 2: Modelo Cognitivo do TOC 4

Prevalência, Co-morbidades e Características Específicas à Idade e ao Gênero

Há cerca de uns 15 anos, o TOC havia sido considerado como um transtorno de prevalência bastante rara, em virtude dos estudos da década de 1950 que apontavam para uma prevalência de cinco pacientes para cada 10.000 pessoas (ou 0,05%) (DEL-PORTO, 2011). Atualmente, no entanto, o TOC já ocupa o quarto lugar dentre os transtorno psiquiátrico mais comum, ficando atrás apenas das fobias, do abuso de substância e da depressão maior (JENIKE, RAUCH, CUMMINGS, SAVAGE e GOODMAN, 1996 apud Ibidem).
Estima-se que nos dias de hoje, o Transtorno afete entre 2 a 3% da população geral. A idade média de seu início ocorre no final da adolescência ou por volta dos 20 anos. Os homens geralmente desenvolvem a doença aos 17,5 anos de idade, enquanto a idade média de início para as mulheres mostra-se um pouco superior – 19,8 anos (RASMUSSEN e EISEN, 1990 apud LAMBERT, 2006).
De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), até o ano 2020 o Transtorno Obsessivo-Compulsivo estará entre as dez maiores causas de comprometimento por doença. Assim sendo, o TOC representa desde então, um transtorno de extrema importância para a saúde pública. Além de bastante frequente, o Transtorno apresenta também altas taxas de comorbidades com outros transtornos psiquiátricos. Em uma pesquisa, avaliando 8.580 indivíduos, Torres e colaboradores encontraram 114 portadores de Transtorno obsessivo-compulsivo, e destes, 62% tinham alguma comorbidade. Essas taxas chegam a 89%. (DINIZ et al., 2004).
O TOC pode estar associado com Transtorno Depressivo Maior, outros Transtornos de Ansiedade (Fobia Específica, Fobia Social, Transtorno de Pânico), Transtornos Alimentares e Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva. Existe uma alta incidência de Transtorno Obsessivo-Compulsivo em indivíduos com Transtorno de Tourette, com estimativas variando de 33 a 50 %. A incidência de Transtorno de Tourette no Transtorno Obsessivo-Compulsivo é menor, com estimativas variando entre 5 e 7%. Vinte a 30% dos indivíduos com Transtorno Obsessivo-Compulsivo relatam tiques atuais ou passados.
TABELA 1: resumo dos principais estudos sobre co-morbidade no TOC ao longo da vida.
Gonzalez (2011) afirma que os fatores genéticos estão provavelmente implicados na etiologia do transtorno. Os estudos realizados sugerem que há diferentes subtipos de TOC: TOC com história familiar positiva para TOC, TOC “esporádico” e TOC associado com tiques. Os estudos de gêmeos mostram uma alta concordância de TOC entre gêmeos monozigóticos. Em alguns estudos de famílias observou-se um maior risco para TOC entre os familiares de pacientes com TOC. Os estudos de análise de segregação sugerem o envolvimento de um gene de efeito maior na etiologia do transtorno. Rasmussen e Eisen (1990 apud LAMBERT, 2006) destacam ainda que, se uma pessoa em sua família nuclear sofre de TOC, existe a chance de 23% (quase 1 em 4) de que você desenvolva o transtorno.
Numa revisão da literatura realizada por Rasmussen e Tsuang foi encontrada uma concordância de 63% de TOC em 51 pares de gêmeos MZ. A taxa de concordância de TOC entre gêmeos DZ é de aproximadamente 22%. Em um estudo onde se ampliou o diagnóstico englobando-se TOC e pacientes com sintomas obsessivos e compulsivos que não preenchiam critérios diagnósticos para TOC, foi observada uma taxa de concordância de 87% para gêmeos MZ contra 47% para gêmeos DZ. (CAREY, 1981 apud GONZALEZ, 2011).
Nurnberger e Berrettini (1998 apud DAL-FARRA, 2004) ressalvam a existência de uma pequena evidência sobre a herança genética do transtorno obsessivo-compulsivo, embora os estudos sejam pouco conclusivos, constituindo-se apenas na possibilidade de que alterações de ordem genética na Serotonina possam estar ligadas ao transtorno. Contudo, as implicações e as inferências a respeito das alterações bioquímicas – não apenas no caso específico do TOC – e a contrapartida destas sobre o comportamento podem conduzir o debate para a seguinte questão: a diminuição ou aumento de neurotransmissores ou outras substâncias no organismo constituem a causa dos problemas ou simplesmente representam as consequências de disposições psíquicas?
FIGURA 3: modelo das causas do Transtorno-Obsessivo Compulsivo (adaptado de BARLOW, 2008. p.185)

Aspectos Neuroquímicos e Fisiopatológicos do TOC

As vias de Glutamato são necessárias para estabelecer a comunicação entre as regiões do Córtex Órbito-Frontal e o Núcleo Caudado, e entre o Tálamo e o Córtex Órbito-Frontal. As vias de Gaba são encontradas entre o Núcleo Caudado e o Globo Pálido e entre o Globo Pálido e o Tálamo. Embora não seja uma parte específica da comunicação dos transmissores entre as estruturas do circuito, a Dopamina atua como um neuromodulador no núcleo caudado, e a Serotonina no Globo Pálido. (FIGURA 4).
FIGURA 4: neuroquímica do TOC. (Adaptada de Jenike, Rauch et al.,1998)
1) GLUTAMATO
Principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso. atua em duas classes de receptores: os ionotrópicos e os metabotrópicos. Os receptores ionotrópicos de glutamato do tipoN-metil D-Aspartato NMDA são implicados como protagonistas em processos cognitivos que envolvem a destruição de celulas.
(2) DOPAMINA
Neurotransmissor inibitório derivado da tirosina. Produz sensações de satisfação. Os neurônios dopaminérgicos podem ser divididos em 3 subgrupos quanto as funções: 1 regula os movimentos: uma deficiência de dopamina neste sistema provoca a doença de Parkinson, caracterizada por tremuras, inflexibilidade, e outras desordens motoras, e em fases avançadas pode verificar-se demência; 2 o mesolímbico, funciona na regulação do comportamento emocional; 3 o mesocortical, projeta-se apenas para o córtex pré-frontal.
(3) SEROTONINA
Derivado do triptofano, regula o humor, o sono, a atividade sexual, o apetite, o ritmo circadiano, as funções neuroendócrinas, temperatura corporal, sensibilidade à dor, atividade motora e funções cognitivas. Atualmente vem sendo intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância no espaço entre um neurônio e outro. Tem efeito inibidor da conduta e modulador geral da atividade psíquica. Influi sobre quase todas as funções cerebrais, inibindo-a de forma direta ou estimulando o sistema GABA.
(4) GABA
Principal neurotransmissor inibitório do SNC. Está presente em quase todas as regiões cerebrais. Está envolvido com os processos de ansiedade. Seu efeito ansiolítico seria fruto de alterações provocadas em estruturas do sistema límbico, inclusive a amígdala e o hipocampo. A inibição da síntese do GABA ou o bloqueio de seus neurotransmissores no SNC, resultam em estimulação intensa, manifestada através de convulsões generalizadas.
TABELA 2: principais neurotransmissores presentes no TOC.
FIGURA 5: o hormônio liberador de Corticotropina (CRH) na hipófise estimula a liberação do hormônio Adrenocorticotropina (ACTH) na circulação sistêmica. O ACTH atinge o córtex das glândulas adrenais estimulando as células a produzirem e liberarem glicocorticóides. Que, por sua vez fazem o feedback negativo tanto na hipófise como no hipotálamo. (GUIZZO, 2009).
TABELA 3: estados associados à hiperativação, hipoativação ou a disfunção do eixo HHA
Estudos como PET (Positron Emission Tomography) e SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography) revelaram que as pessoas com Transtorno Obsessivo-Compulsivo possuem atividade cerebral diferente das outras pessoas sem o Transtorno. As pesquisas indicam a existência de uma comunicação prejudicada entre o Córtex Órbito-Frontal, o Núcleo Caudado e o Tálamo. O Núcleo Caudado, localizado entre o Tálamo e o Córtex Órbito-Frontal, não funciona adequadamente, fazendo com que o Tálamo se torne hiperativo, enviando sinais de preocupação “intermináveis” para o Córtex Órbito-Frontal que corresponde, elevando a ansiedade. (FIGURA 6). (KNEIPP, 2010).
FIGURA 6
Para Holsboer (2000 apud JUREMA, 2011) de maneira geral, as alterações no Eixo HHA parecem ser dependentes do estado, tendendo a melhorar com a resolução da síndrome depressiva. De fato, estudos prévios têm descrito um feedback negativo prejudicado do Eixo HHA, levando à hipercortisolemia, como ocorre na depressão melancólica. Além da depressão melancólica, uma série de outras condições pode estar associada ao aumento e ativação prolongada do Eixo HHA, incluindo anorexia nervosa, com ou sem desnutrição, transtorno obsessivo-compulsivo, pânico, ansiedade, alcoolismo ativo crônico, abstinência de álcool e narcóticos, diabetes mellitus mal controlado e hipertiroidismo.
Outro grupo de estados é caracterizado pela hipoativação do sistema do estresse, em vez de ativação contínua, na qual a secreção cronicamente reduzida do fator liberador de corticotrofina (CRF) pode resultar em hipoativação patológica e feedback negativo ampliado do Eixo HHA. Pacientes com Transtorno de estresse pós-traumático, depressão atípica ou sazonal e síndrome de fadiga crônica recaem nessa categoria. Similarmente, pacientes com fibromialgia possuem excreção de cortisol urinária livre diminuída e frequentemente queixam-se de fadiga. Pacientes com hipotiroidismo possuem uma clara evidência de hiposecreção de CRF.
A hiperatividade do Eixo HHA na depressão maior é um dos achados mais consistentes em psiquiatria. Um percentual significativo de pacientes com depressão maior demonstrou maiores concentrações de cortisol (o glicocorticóide endógeno em humanos) no plasma, urina e no líquido cefalorraquidiano (LCR); uma resposta exagerada de cortisol ao hormônio adreno-corticotrófico (ACTH); e um aumento das glândulas pituitária e adrenal. (NEMEROFF, 1996 apud Ibidem).
Englert (2006) adverte que quando o eixo HHA é muito ativo e os níveis de Corticotrofina (CRH) no cérebro são, ao mesmo tempo, altos demais, os sinais no nervo vago são bloqueados. Esse nervo, uma avenida importante do sistema nervoso autônomo, controla as contrações do estômago e o trato digestivo. Ele também envia impulsos nervosos ao coração e aos músculo. Um exemplo clássico da reação desses órgãos provocada por estresse é a paralisação da digestão após uma cirurgia. Também pode intensificar fobias e ataques de pânico. Pacientes com agorafobia (medo de lugares abertos) ou claustrofobia (medo de espaços fechados) produzem muito pouco Hormônio Adenocorticotrófico (ACTH) após receber CRH como tratamento.
Soravia (2006 apud GRAEFF, 2011) salienta que, tanto o eixo HHA como o eixo simpático-adrenal são ativados pela ansiedade antecipatória. Na ansiedade aguda, a ativação do eixo HHA é adaptativa, já que, entre outras coisas, os corticóides parecem reduzir o medo percebido, prejudicando a recuperação da memória de informações que eliciam emoção. Na ansiedade crônica, no entanto, a ativação de longo prazo do eixo HHA pode se tornar prejudicial, já que os corticóides dificultam os mecanismos de resiliência no hipocampo.

Tálamo, Núcleo Caudado & Córtex Órbito-Frontal

FIGURA 7: Tálamo, gânglios da base e algumas estruturas relacionadas .
Vilela (2009) explica que todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele é responsável pela condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles devem ser processados. O tálamo também está relacionado com alterações no comportamento emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas também de conexões com outras estruturas do sistema límbico (que regula as emoções). Suas principais funções:
  • Integração Sensorial;
  • Integração Motora.
O tálamo recebe informações sensoriais do corpo e as passa para o córtex cerebral. O córtex cerebral envia informações motoras para o tálamo que posteriormente são distribuídas pelo corpo. Participa, juntamente com o tronco encefálico, do sistema reticular, que é encarregado de “filtrar” mensagens que se dirigem às partes conscientes do cérebro. (Ibidem).
Os gânglios da base, que no passado se acreditava estarem implicados apenas no comportamento motor, são, na verdade, importantes em inúmeras outras funções psíquicas como o processamento de vivências cognitivas. Estudos recentes utilizando imagem de ressonância magnética mostraram tendência à diminuição do núcleo caudado em pacientes com TOC. De forma coerente, estudos com neuroimagem funcional, sugerem a implicação de um circuito cerebral envolvendo o córtex órbito-frontal, o giro cíngulo, o núcleo caudado e o tálamo na patofisiologia do TOC. Entre as diversas hipóteses formuladas a partir desses achados, especula-se que um déficit no funcionamento do núcleo caudado levaria a uma filtragem inadequada de preocupações que então estimulariam o córtex órbito-frontal a desencadear ações adaptativas: as compulsões. (MIGUEL FILHO, 1995).
O córtex órbito-frontal tem o papel de regular nossas habilidades de inibir, avaliar e agir com informação emocional e social. Dependendo da tarefa a ser decidida, alguns fatores desses podem ser mais importantes que outros. Se nossa habilidade de processar qualquer informação está prejudicada, a tomada de decisão ficará alterada e maior trabalho terá para processar, avaliar e filtrar informações sociais e emocionais. (GAZZANIGA, 2006 apud DA SILVA, 2011).

Conclusões

Segundo Barlow (2008) a tendência de desenvolver ansiedade que tem base em pensamentos compulsivos adicionais pode ter os mesmos precursores biológicos e psicológicos generalizados que a ansiedade em geral. Gazzaniga (2006 apud DA SILVA, 2011) destaca que o sistema límbico é ampliado em um circuito neural que juntos invocam um papel em diferentes tarefas emocionais. O mesmo é formado pelo hipocampo, hipotálamo, giro do cíngulo, amígdala, tálamo, núcleos somatossensorial e córtex órbito-frontal. Ainda, este autor ressalva que a amígdala possui o papel de processar o significado emocional dos estímulos e gerar reações emocionais e comportamentais imediatos.
Assim, considerando o modelo de funcionamento anômalo do circuito cortico-estriato-tálamo-cortical, onde o Núcleo Caudado, o Tálamo e o Córtex Órbito-Frontal não funcionam adequadamente, este estudo sugere que, os pensamentos invasivos e/ou os comportamentos repetitivos originários do Córtex Órbito-Frontal, geram níveis patológicos de ansiedade que, através da Amígdala, elevam a atividade do Eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal (HHA).
FIGURA 8: esquema hipotético da Hiperativação do Eixo HHA 17

Fonte: Novos Aspectos Fisiopatológicos Envolvidos no Transtorno Obsessivo-Compulsivo - Transtornos Psíquicos - Psicopatologia - Psicologado Artigos http://artigos.psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/novos-aspectos-fisiopatologicos-envolvidos-no-transtorno-obsessivo-compulsivo#ixzz1nWcXYS3n


Marcus Deminco - Escritor. Tutor de PNL, D.H.C. em Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (ABMP/DF). Prof. de Ed. Física e Graduando em Psicologia (Brasil). E-mail: marcusdeminco@gmail.com

Referências

ALAMBERT, Paulo Augusto et Al. As possíveis fontes fisiopatológicas da fibromialgia e suas importâncias como alvos para tratamento. (2008). Disponível em: . Acesso em 12 Dez. 2011.
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV). APA. 1994 Washington DC.
ANDREASEN, Nancy C. Introdução à Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2009.
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