Cinco dicas para escrever melhor


Escrever não é tão difícil. Já dizia Pablo Neruda: É só começar com uma letra maiúscula e terminar com um ponto final. No meio, você coloca ideias.

Por Fernando Luz

Ok. Na verdade, são apenas três. As outras duas você já conhece. Não contam. São os clichês dos (aprendizes de) escritores. Mas tão úteis e verdadeiras, que eu acho praticamente impossível alguém escrever bem sem segui-las. Aliás, vamos começar por elas.
1. Leia

Escrever é consequência da leitura. Você só vai ter vontade de escrever se ler. Eu, por exemplo, leio em média um livro por semana. Vez ou outra alguém me pergunta como arrumo tempo/paciência para isso. Meu segredo é: eu só leio o que gosto. E ponto. Não ligo pro que vão achar. No ano passado, li até Marley e Eu, só pra você ter ideia. Atualmente, estou lendo humor. Assim que acabar Cuca Fundida do Woody Allen, lerei o clássico Anedotas de Ari Toledo. O negócio é ler o que der na telha, sem ambição de agradar qualquer pseudo-intelectual formado em Letras.
2. Escreva

Não tenha medo do Word em branco. Escreva sobre qualquer coisa. Não fique à espera da Big Idea. Escreva sobre a vida. E sem medo de fazer feio. Alguns escritores chegam a refazer mais de dez vezes cada linha que redigem. Mesmo que você não sonhe em ser o novo Hemingway, escrever vai melhorar sua lógica e o modo como você se expressa, além de enriquecer seu vocábulo. Separe cinco minutos por dia e escreva. Faça isso todo dia. Em menos de um mês, você vai estar se comunicando melhor e, espero, escrevendo mais de cinco minutos.
3. Conheça as regras (para poder quebrá-las)

Uma gramática mediana custa uns dez reais. Compre uma. Você nem precisa lê-la inteira. É claro que se conseguir, melhor. Mas seja ao menos curioso. Aprenda a pontuar. Entenda um pouquinho de concordância e estrutura. Não é tão difícil quanto parece. E, depois de conhecer as regras e saber usá-las em seu favor, não tenha medo de quebrá-las. Vale tudo. Inventar palavras, inverter estruturas, pontuar demais, pontuar de menos. O teclado é seu e quem manda nele são seus dedos.
4. Anote ideias (no celular)

Eu nem vou falar para você comprar um moleskine. É muito caro. Pode usar o celular mesmo. O importante é não deixar as ideias escaparem. Se você for como eu, cinco segundos depois de ter a ideia que vai mudar sua vida e, quiçá, o mundo, vai esquecê-la. Daí a necessidade de sacar seu celular – que está sempre num(a) bolso(a) próximo(a) – e anotá-la. Claro, você vai ter que fazer sua ideia caber em alguns caracteres. Mas isso tem muito a ver com nossa última dica.
5. Sintetize – quem pensa mais escreve menos

É possível abreviar uma (boa) história em uma frase. Claro que você não precisa escrever em todo lugar como se estivesse no Twitter. Mas a escrita é a arte de cortar palavras. Como seria esse post em menos de 100 caracteres? “Para escrever melhor: Leia, Escreva, Conheça as Regras, Anote Ideias e Sintetize”. O que dizer no meio disso é transpiração. Contudo não é tão difícil. Já dizia Pablo Neruda: É só começar com uma letra maiúscula e terminar com um ponto final. No meio, você coloca ideias. [Webinsider]

O Que é Angústia, Precauções e Tratamento


De repente, vem aquele aperto no peito! Pode ser em qualquer momento, hora ou lugar. Como se uma grande mão apertasse seu peito... e vem uma sensação bem esquisita de opressão. Você quer se livrar dela, mas não consegue. O coração bate mais rápido ou então você sente uma apreensão. Medo do futuro? Quase como se descesse de montanha russa.... aquele friozinho na barriga terrível.

Em alguns momentos, você está bem e a apreensão surge sem pedir licença. Em outros, está associada a alguma preocupação ou sensação de insegurança. Se você vive um momento confuso ou difícil, a angústia pode se instalar na sua mente e no seu coração.

A angústia pode ser um sinalizador para a depressão. Pessoas deprimidas sentem angústia e a ansiedade pode surgir de repente. A ansiedade está associada à respiração também. A pessoa ansiosa respira muito rápido ou sente uma sensação de sufocamento, "peito apertado".

O que fazer quando você sentir esta sensação desagradável? Acomete ricos e pobres, jovens, velhos e crianças.

A angústia é mais comum nas mulheres. Quando sentir esta sensação desagradável, primeiro afaste a possibilidade de causa orgânica como: distúrbios hormonais como: menopausa, climatério, entre outros. Anemia, problemas cardíacos e depressão, por exemplo.

Geralmente, a angústia está associada à depressão e algumas pessoas são predispostas a sofrer de angústia periódica. Nem sempre quem sente angústia ocasionalmente, sofre de depressão. A angústia pode ser uma manifestação da ansiedade. A ansiedade é o receio do futuro.

A ansiedade é um recurso utilizado por nós para nos preparar, de certa forma para acontecimentos futuros. Quando temos uma prova, um encontro importante, uma decisão a tomar, podemos sentir esta sensação de apreensão. É o receio do novo e do inusitado. Nosso organismo lança mão de uma carga extra de adrenalina.

Quando estas sensações surgem e são momentâneas fazem parte do cotidiano do ser humano. Não podemos controlar os acontecimentos e isso gera medo. Podemos controlar nossas emoções; isso é tranquilizador.

Observe a frequência desta sensação desagradável. Procure observar com cuidado. O que você está pensando quando sente esta sensação? Não tenha medo da Ansiedade ou Angústia. Não tente reprimi-la, mas mude o padrão mental. Se você está pensando em algo desagradável, modifique o pensamento. Afirmações positivas ajudam bastante nesses casos. Afirmações como: "Sou feliz!", "Estou calmo", "Está tudo bem", "Ficará tudo bem!".

Aprenda a respirar! Os bebês respiram corretamente, nós não. Inspire pelo nariz e exale pela boca. Preste atenção na respiração. Esta técnica simples é naturalmente tranquilizante. A mente se tranquiliza e os músculos também.

A angústia pode estar associada a causas psicológicas como: traumas, complexos, meio ambiente repressor ou desgastante podem desencadear sensações de opressão.

A serenidade tem a ver com a Fé e o Otimismo. Fé em Deus e em si mesmo!

Sensação de vazio interior, mudanças de vida, podem estar associadas à angústia. Quando a pessoa se aposenta, pode sentir esta sensação de insegurança. O que farei agora? A "síndrome do ninho vazio" pode ser também uma das causas da angústia ou ansiedade. Os filhos estão criados, estudam fora e os pais se sentem vazios. Viveram sempre em função dos filhos e agora?

Vera tinha 50 anos e começou a sentir sensações de angústia e "aperto no peito". Aquela opressão era frequente e perturbadora. Nenhum lugar estava bom para ela. Depois, de circular pelas igrejas e centros espíritas para descobrir a causa da opressão, sem nenhuma melhora, resolveu procurar um médico. Vera estava com distúrbios hormonais. Com o tratamento apropriado, a sensação desagradável desapareceu.

'As vezes, a causa pode ser espiritual. Uma oração fervorosa pode melhorar esta opressão. Vivemos num mundo muito material e imediatista. Nosso espírito precisa também de alimento espiritual. Praticar esportes, lazer, uma atividade, amigos, são bons remédios para evitar a angústia. Só será considerada patológica se junto com ela estiverem outros sintomas como: falta de concentração, tristeza permanente, inquietação, pensamentos negativos. Pode ser o início de uma depressão. Ou então, se a angústia estiver sendo um fator limitante em sua vida. Nesse caso, procure ajuda profissional. Pessoas muito inseguras ou com dificuldade em expressar os sentimentos, são propensas à angústia.

Uma vida saudável feita de pensamentos sadios e atividades produtivas, tem como efeito, emoções também sadias. Pense nisso! Como estão seus relacionamentos, sua vida em família, seus desejos e problemas?. Procure se autoconhecer para disciplinar seus pensamentos.

Seja feliz!

Sandra Cecília é formada em Psicologia Clínica e já trabalhou com Psicoterapia,

Vamos descontrair?



Visita de rotina aos médicos.

Todo ano a mesma peregrinação. Mastologista, ginecologista, oftalmologista, dentista...
Mas um dia, resolvi incluir um "ISTA" novo na minha odisséia....
Um DERMATOLOGISTA...
Já era hora de procurar uns creminhos mágicos para tentar retardar ao máximo as marcas da inevitável entrada nos ENTA.
Na verdade, sentia-me espetacular. Tudo certo.
Ninguém podia cantar para mim a ridí­cula frase da Calcanhoto 'nada ficou no lugar....'
Mas não sei o que deu no espelho lá de casa, que resolveu, do dia para a noite, tomar ares de conto de fadas. Aliás, de bruxas. E mostrar coisinhas que nunca haviam aparecido (ou eu não havia notado?). Pontinhos azuis nos tornozelos, pintinhas negras no colo, nos braços, bolinhas vermelhas na bunda... olheiras mais profundas...
Como assim???
Assim... Sem avisar nem nada.
De repente, o idiota resolveu mostrar e pronto.
Ah, não! Isso não vai ficar assim.
Um "lista" novo na lista do convênio.
O melhor.
Queria o melhor especialista de todos os "istas"!
Achei.
Marquei. E fui tão nervosa quanto para um encontro 'bem intencionado' daqueles em que a gente escolhe a roupa íntima com cuidado, que é para não fazer feio.... nem parecer que foi uma escolha proposital... sabe como é, né?
Pois sim. O sujeito era um dermatologista famoso.
Via e cutucava a pele de toda a nata feminina e masculina da cidade...
Assim, me armei de humildade.
Disposta a mostrar cada defeitinho novo que estava observando, através do maquiavélico e ex-amigo espelho de meu quarto.
Depois de fazer uma ficha com meus dados, o 'doutor' me olhou finalmente nos olhos, e perguntou:
'O que lhe trouxe aqui?'
Fiquei vermelha como um tomate. E muda.
Ele sorriu e esperou.
Quase de olhos fechados, desfiei minhas queixas.
Ele observou 'in loco' cada uma delas, com uma luz de 200wtz e uma lupa...
E começou o seu diagnóstico.
'As pintinhas são sinais do Sol, por todo o Sol que já tomou na vida. Com a IDADE (tóin!) elas vão aparecendo, cada vez mais numerosas. Vai precisar de um protetor solar para sair de casa pela manhã, mesmo sem ir à praia. Para dirigir inclusive. Braços e pernas e rosto e pescoço.
E praia? Evite. Só de 6 às 10 da manhã, sob proteção máxima, guarda sol,
óculos e chapéu. Bronzear-se, nunca mais.'
-Ahmmm... (a turma só chega às 11:00 !!!!)
-'Os pontinhos azuis são pequenos vasos que não suportam a pressão do corpo sobre saltos altos.Evite. Use sapatos com solado anabela ou baixos, de preferência. Compre uma meia elástica, Kendall, para quando tiver que usar saltos altos.
-Ahmmmaaaa... (Kendall??? E as minhas preciosas sandalinhas???)
-'As bolinhas na bunda são normais, por causa do calor. Para evitá-las use mais
saias que calças. Evite o jeans e as calcinhas de lycra. As de algodão puro são as melhores... E folgadas...'
-Ahmnunght?? ?? (e pude 'ver' as de minha mãe, enormes na cintura, de florzinhas cor de rosa..... vou chorar!).
-'As olheiras são de família. Não há muito que fazer. Use esse creminho à noite, antes de dormir e procure não dormir
tarde. Alimentação leve, com muita fruta e verdura, pouca carne e muito peixe. Nada de tabaco, nem álcool... Nem café.'
E então a histérica aqui­ começou a rir...
Agradeci, peguei suas receitinhas e saí­ rindo, rindo....
Me dobrando de tanto rir!
No carro comecei a falar sozinha...
Tudo o que deveria ter dito e não disse:
'Trabalho muito, doutor,... muitas noites vou dormir às 2h, escrevendo e lendo.
Bebo e fumo. (corta esta parte) Tomo café. Saio pelas noites de boemia com os amigos e seus violões para as serenatas de lua cheia... E que noites!!!!
Adoro os saltos, principalmente nas sandálias fininhas. Impossível a meia elástica
(argh!!). Calcinhas de algodão? E folgadas??? Adoro as justinhas e rendadas... E não abandono meu jeans nem sob ameaça de morte!!! É meu melhor amigo!!!!
Dormir lambuzada? Neste calor? E minhas duchas frias com sabonete Johnson para
ficar fresquinha como um bebê, cada noite?
E nada de praia??? O senhor está louco é??? Endoideceu foi??? Moro no Recife, com esse mar e tudo...E tenho só 40 anos....
Meia vida inteira pela frente!!!
Doutor Filistreco, na minha idade não vou viver como se tivesse feito trinta anos em um!!!
Até um dia desses tinha 39...
E agora em vez de 40 estou fazendo 70???

Inclua aí na sua lista de remédios...
para as de 40 a 60, MEIA LUZ...
Acho que é só disso que eu preciso.
Um bom abajur com uma luz de 15wts...
E um namorado que use óculos...
É isso... só isso!!! Entendeu????'

Parei no sinal e olhei de lado...
e um cara de uns 25 anos piscou o olhou para mim. Ah... e ele nem usava óculos!

Nunca fiz o que me recomendou o filistreco ...
Minhas olheiras são parte de meu charme..
E valem o que faço pelas noites a dentro... Ah!!! se valem!
As bolinhas da bunda desapareceram com uma solução caseira de vitamina A, que quase todas as mulheres usavam e eu não sabia, até que contei minha historinha do 'bruxo mau'.
Os sinaizinhos estão aqui... sem grandes alardes... e até que já acho bonitinho.
O espelho é muito menor... o outro, eu dei a minha filha.

E meu namorado diz que estou cada dia mais linda! Principalmente quando
estou de saltos e rendas, disposta a encarar uma noite de vinhos e música.
É claro que ele usa óculos.
Mas quando quero ficar fatal, tiro os seus óculos... e acendo o abajur.

'No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é, e
outras, que vão te odiar pelo mesmo motivo.
Acostume-se....'

O melhor ‘ISTA’ é ser OtimISTA


(desconheço o autor desta pérola)

Não deixe que nada acabe com o seu dia


Leia e reflita...

Em um dia de domingo, você acorda de manhã com dor no corpo e indisposta, vai até a janela, vê que o dia está nublado, com algumas nuvens escuras. Mesmo assim, diz: "que dia bonito, que dia lindo, o dia de hoje vai ser maravilhoso".

Quando sai da janela, vem um pensamento na sua mente, de que hoje você só vai dizer sim para todas as pessoas e para a vida. Será sim, sim e sim. Verifica que suas dores e a indisposição ao acordar se foram. Ao final da sua higiene matinal, olha para o espelho e diz: "eu me amo".

Aí, resolve ficar uns instantes e repete várias vezes "eu me amo, sou a melhor pessoa do mundo". Essa repetição, quando feita com sentimento e diariamente, é eficaz para aumentar a autoestima.

Ao sair do banheiro você diz para si mesmo: "como sou importante para as pessoas, para o universo à minha volta". Sendo ainda muito cedo, antes do café, você resolve descer, se estica um pouco e assume uma postura bem ereta, com a coluna vertebral bem na vertical, ponto vital da juventude.

Faz algumas respirações profundas e sente que a energia flui com mais facilidade, entrando pela cabeça, passando por todo o corpo, gerando uma sensação muito agradável e confortável. É um momento em que se fica centrado. Entra no elevador e encontra uma pessoa bem antipática, que não fala com ninguém.

Você exita em dar bom dia, mas pensa melhor e dá o seu bom dia. Ela te olha com uma cara esquisita, espera um pouco e fala "bom dia", ainda com a fisionomia estranha. Quando o elevador para no térreo, você rapidamente sai, abre e segura a porta deixando a vizinha sair primeiro.
"Nasce dentro de você, o não julgar, e isso te dá uma sensação de poder, mas um poder de amor à vida".
Ela anda alguns passos, olha para traz e fala "obrigada", ainda bem carrancuda, e vai embora. Você vai até a calçada em frente, que tem um canteiro com grama, ainda molhada pelo orvalho da noite, descalça-se e pisa nessa grama.

Esfrega os pés e bate um pouco com eles na grama úmida. Sente que fez um "terra", descarregando tensões, estresse e ansiedade. Que bom! Se sente leve. Resolve comprar o jornal, mas, para isso, tem que atravessar a rua.

O sinal está verde para você, mas, como é cautelosa, olha com atenção e verifica que um carro avança o sinal em alta velocidade. No primeiro instante vem a vontade de falar mal do motorista. Pensando bem, você diz: "vai em paz, meu chapa".
Atravessa, compra o jornal e volta para casa. Nesse trajeto, dá atenção ao canto de muitos pássaros nas copas das árvores. Se sente unida com a natureza. Toma seu café, comendo de tudo que aprecia e com muita satisfação, ouve suas músicas favoritas. Após o descanso do café, você resolve dar uma caminhada em um local muito aprazível perto de sua casa.

"Somos todos iguais e ninguém é melhor do que ninguém".

Começa a caminhar e resolve fazer meditação. Vai pensar somente na palavra caminhando. Os pensamentos vem com muita força na sua cabeça, mas você não os expulsa da mente, apenas pensa na palavra "ouvindo", quando passa um carro ou escuta o ruído de um avião, e volta o seu pensamento para a palavra caminhando.

Ao avistar uma pessoa, prédio ou árvore, você pensa na palavra "vendo" e, assim por diante, continua sempre voltando para o pensamento "caminhar". Sem a tentativa de expulsar os pensamentos que não queremos, não daremos atenção, e eles, da mesma forma que aparecem, são diluídos de nossa mente criando um relaxamento incrível.

No final da caminhada você já se sente um pouco extenuada fisicamente e avista uma amendoeira alta e frondosa. Para um pouco, coloca as suas mãos no tronco da árvore, absorvendo a energia imanente que ela possui e que nos revigora.

Vem uma vontade de abraçá-la, mas fica tímida, tendo em vista, às pessoas te olhando. Mas aí, você pensa: "vou fazer o que me dá na telha e ninguém tem nada com isso".

Abraça o tronco da árvore. A sensação é tão boa que não dá vontade de largar. Continua sua caminhada, agora se sentindo mais revigorada. Ao entrar no seu condomínio, onde tem uma área com terra, agora bem mais quente, pois, as nuvens se dissiparam e o sol brilha com intensidade, tira o tênis e pisa com força na terra quente.

Bate com os calcanhares e sente que a energia da terra penetra pelos pés, sobe por todo o corpo e te renova. É uma energia de ligação com a terra, com o entusiasmo, energia que aumenta a vontade de viver.

No almoço, você resolve se alimentar do que mais gosta. Mexendo nos armários encontra uma garrafa de vinho guardada há muito tempo. "Gosto tanto de vinho, mas há tanto tempo não me dou esse prazer".

Coloca uma música preferida e desfruta aquela refeição saboreando a taça de vinho. Aí você fala: "alimento dos deuses". Após a refeição você sente que toda uma rigidez se foi. Algumas pessoas ligam para você e a todas você diz "sim", simplesmente diz "sim".

E fica até impressionada por dizer tanto "sim". Se sente com liberdade. Ao final da tarde, admira o pôr do sol, visível da sua varanda. Ao olhar para esse cenário deslumbrante, você pensa: "somos todos iguais e ninguém é melhor do que ninguém".

Nasce dentro de você, o não julgar, e isso te dá uma sensação de poder, mas um poder de amor à vida. À noite, conversando com você mesma, diz que o dia foi maravilhoso e sem gastar nenhum real para obter todo esse prazer.

O dia transcorreu com muita simplicidade. Antes de dormir, toma um banho, senta no piso do box e, sem pressa, se ensaboa devagar, suavemente, olhando atentamente para cada parte do seu corpo, o qual não dava muita atenção.

Começa a descobri-lo. Como todo ele é bonito. Como está saudável. A sensação de descobrir o corpo, como se fosse pela primeira vez é indescritível e maravilhosamente agradável. Ao final do dia, antes de pegar no sono, faz uma reflexão e diz: "o meu dia hoje foi maravilhoso! Eu fiz a minha vida! Eu criei o meu mundo"!

Conteúdo por: Walter Alexandre
Especialidade: Terapeuta holístico
Imagem: Google by icaranews.com.b

Aborto: salvar a lei, matar a pessoa‏

Coluna do Leitor 13 de outubro de 2010 às 17:57h

Carta Capital

O aborto não é evitado apenas pelo discurso moral das religiões ou pela criminalização jurídica. É preciso repensar nossa cultura de morte, diz o Pe. Paulo Cezar Nunes de Oliveira
Por Pe. Paulo Cezar Nunes de Oliveira*

Nos últimos dias, assistimos a uma batalha de Tróia em torno da polêmica do aborto. As eleições 2010 correm o risco de se tornararem um plebiscito sobre o tema. Um mais pessimista diria que estamos assistindo a uma gincana. Ganha pontos quem consegue mais acusações, boatos alarmantes, vídeos montados, satanização do adversário. A mídia fala em bala de prata ou fato surpresa, algo parecido com as provas improvisadas de última hora, como fazíamos nos jogos escolares.
Até poucos meses, a mídia do Brasil abominava a idéia da participação da religião na esfera política. Agora, sem nenhuma explicação aparente, transformou a opinião de alguns religiosos no discurso mais qualificado para formar a opinião do eleitor. Às vezes, temos a impressão de que, a partir de 2011, o Brasil deverá adotar um regime de governo condizente com uma república teocrática. Mal desconfiam os cristãos, católicos e evangélicos que a mídia, que hoje exalta a religião, amanhã a desqualifica. A mídia dá, a mídia toma, parafraseando Jó.
Como teólogo da teologia moral, sinto uma tristeza muito grande em ver que um tema de tamanha complexidade, que possui um amplo conjunto de fatores determinantes, envolto a histórias de tantas dores e sofrimentos, ser tratado com tanto quixotismo. Tudo está sendo reduzido a ser contra ou favor. Os argumentos quase sempre são superficiais, não verticalizados. Tratar o aborto como questão de saúde pública sem explicar suas conseqüências não me parece honesto. É inocente também, para não dizer falacioso, o chamado discurso em defesa da vida que fazem alguns religiosos. No fundo, está sendo debatida somente a questão jurídica: deve existir ou não uma lei que criminaliza o aborto? Contudo, qualquer pessoa com a mínima capacidade de ver o óbvio sabe que o simples fato de existir uma lei não altera em nada a realidade: sendo ou não um crime, o aborto existe em todos os países do mundo.
O debate em torno somente da questão jurídica me faz perguntar: estamos realmente interessados em defender a vida ou em defender a “Lei”? Qualquer um que queira ser honesto consigo mesmo sabe que o aborto não é evitado apenas pelo discurso moral das religiões ou pela criminalização jurídica. É preciso repensar nossa cultura de morte.
Tenhamos coragem de assumir nossa parcela pessoal de culpa. A decisão de abortar não é tomada exclusivamente pela mulher, é fruto de um conjunto de situações. O fim de um relacionamento, a vergonha de se expor, a insegurança do futuro, a incompreensão dos outros.
Existem também fatores sociais de grande relevância. Um empresário que não contrata uma grávida ou que demite gestantes também está abortando; age da mesma maneira um pai ou a mãe que ameaça expulsar sua filha de casa ou a julga inexperiente para cuidar de uma criança; não foge a essa regra um parceiro que escapa da situação da gravidez de sua namorada ou amante; a mídia que vende um prazer sem compromisso também está contribuindo para o aborto; abortista também é a religião quando não é capaz de acolher as chamadas mães solteiras com afeto e respeito, expondo-as à marginalidade.
Essas são apenas algumas das questões, mas existem muitas outras que precisam ser debatidas. Reduzir algo de tamanho relevo ao slogan “defesa da vida” é cometer um pecado muito grave.
Por fim, sonho com o dia em que todos nós, que realmente defendemos a vida da sua concepção até o seu fim natural, nos empenharemos em projetos sérios, com uma agenda positiva, buscando soluções no diálogo com psicólogos, médicos, biólogos, sociólogos, mães e pais que sofreram esta experiência e com aqueles que querem evitá-la. No dia 31 de outubro teremos Dilma ou Serra presidente. Não quero ser pessimista, mas se até lá novos temas não surgirem para a avaliação dos eleitores, a mídia terá esquecido a religião. Os bispos, pastores e o Brasil não terão debatido nem sequer uma proposta de governo para os próximos quatro anos. Muitas vidas correrão perigo, principalmente a dos mais pobres. Aí será tarde demais.

*Pe. Paulo Cezar Nunes de Oliveira é Redentorista. Graduado em Filosofia e Teologia. Mestre em Ciências da Religião pela PUC-GO. Professor de Teologia Moral no Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás. Mestrando em Teologia Moral pela Università Lateranense – Accademia Alfonsiana – Roma



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Dez dicas para você dormir melhor

Dormir bem melhora o humor, a memória, previne doenças e faz você viver mais. A ciência não para de comprovar os benefícios de uma noite bem dormida. Um estudo realizado pela American Academy of Sleep Medicine provou que dormir bem é um dos segredos para a longevidade. A partir da análise de 2.800 pessoas, os resultados mostraram que cerca de 65% das pessoas relataram que sua qualidade de sono foi boa ou muito boa e o tempo médio diário de sono foi 7,5 horas, incluindo cochilos. Os mais velhos, de 100 anos ou mais, eram 70% mais propensos a relatarem uma boa qualidade de sono do que os participantes mais jovens, de 65 a 79, após controle de variáveis como as características demográficas, socioeconômicas e de saúde. Em contrapartida, quem sofre de insônia crônica corre três vezes mais riscos de morrer do que aqueles que não tem o problema. É o que mostra a pesquisa do National Heart Lung and Blood Institute, dos Estados Unidos, que envolveu mais de 2.200 participantes, apresentada este ano na 24ª reunião anual da Associated Professional Sleep Societies, no Texas. Mas a falta de sono costuma ser um problema? Às vezes, basta alguma mudança simples nos hábitos antes de dormir, no travesseiro ou no colchão para resolver este drama. Confira as dicas abaixo.
menina dormindo - foto: Getty Images

Travesseiro, o melhor amigo
Acredite: o seu apoio para cabeça é fundamental para se ter uma boa noite de sono. Na hora de escolher, você precisa considerar o material de que ele é feito e, claro, a posição em que é colocado. A melhor posição para dormir é de lado. Assim, a coluna fica longe das dores e os músculos também.

Nesse caso, a altura do travesseiro tem que ser igual a distância entre o pescoço e a parte externa do braço. Já para quem dorme com a barriga para cima, o melhor é levar para a cama um apoio mais baixo, preenchendo o espaço entre o pescoço e a nuca, sem comprimir a coluna.

De bruços, jamais!
A pessoa que dorme de barriga para baixo acorda cansada e toda dolorida, pois o rosto não pode ficar afundado no travesseiro. Além disso, as regiões torácica e a lombar são prejudicadas nessa postura.

Até ele se aposenta
O travesseiro deve ser trocado, no mínimo, a cada dois anos. Na hora de escolher o melhor modelo, é importante observar algumas regras. Apoios de pena, por exemplo, podem exalar um odor forte capaz de incomodar olfatos mais sensíveis, embora muita gente se adapte a ele. Ideal, sempre, é dar preferência a enchimentos que se deformam com menos facilidade (como espumas mais resistentes).

O tamanho também conta. É melhor que seja largo para não sair do lugar com qualquer movimento do seu corpo durante a noite. E, mesmo que possa parecer um mico, o ideal é experimentar o modelo escolhido ainda na loja.
Saiba Mais

* A maravilhosa hora de dormir
* Dormir bem evita a obesidade
* Hábitos para mandar a insônia embora

Travesseiro: certo e errado

De lado (Certo): Mantenha a coluna alinhada e os braços abaixo do queixo. Os joelhos devem estar flexionados e com um travesseiro fino entre eles para impedir a sua rotação. Isso também evita que a região lombar fique estendida, o que, a longo prazo, pode provocar hérnia de disco.

De lado (Errado): Nunca deixe a mão sob a cabeça, porque essa postura compromete a circulação no braço e força o travesseiro contra o rosto, o que favorece o aparecimento de linhas de expressão. Procure, ainda, não dormir com o corpo todo encolhido. (faça um bom alongamento antes de deitar)

Barriga para cima (Certo): Coloque um travesseiro fino ou um rolinho de espuma sob os joelhos para que permaneçam semi-flexionados durante a noite, deixando os quadris bem posicionados e os músculos da região lombar relaxados.

Barriga para cima (Errado): Não é correto dormir com as pernas muito esticadas, porque isso força a região lombar. Além disso, nunca dobre o travesseiro para que ele fique mais alto, porque aí a tendência é repousar a cabeça sobre a dobra, forçando demais a região cervical. A regra de não dobrar, aliás, é válida para todas as pessoas.

Colchão sem pressão
"O colchão ideal para um sono tranquilo não pode ser muito macio nem muito firme, ou seja, deve simplesmente se amoldar ao corpo confortavelmente", ensina a diretora da Copespuma, Gisele Sapiro. Prefira os de látex, que tem como benefício principal o fato de se adaptarem com perfeição aos contornos do corpo, aliviando os pontos de pressão .
homem dormindo - foto: Getty Images
Dicas para dormir bem

Pode parecer bobagem, mas alguns conselhos básicos podem ajudar você a ter um sono perfeito. O neurologista Shigueo Yonekura, do Instituto de Medicina e Sono da Unifesp, dá dicas simples de como espantar a insônia:

1- Antes de ir para o quarto, é fundamental aplacar as ansiedades do dia a dia. Não vá para a cama assim que chegar do trabalho. Primeiro tome um banho morno, procure relaxar, para só então ir se deitar.

2- Desligar a TV e o computador é um método bastante eficaz. A luz desses aparelhos atrasa a produção das substâncias responsáveis pelo aviso de que é hora de dormir.

3- Exercícios físicos devem ser feitos até quatro horas antes de ir dormir, ou o corpo ainda estará agitado. Na cama só vale o sexo que, aliás, é ótima para relaxar.

4- Um chá também ajuda, porém, é preciso escolher as ervas certas. Nada de tomar chá preto ou verde, ricos em cafeína, que é estimulante. Infusões de melissa e camomila induzem ao sono e ainda melhoram a sua qualidade.

5- Coma pouco à noite. Faça uma refeição leve, usando, por exemplo, aspargos, palmito, arroz, batata, aveia e soja. Tomar sopas com esses ingredientes é uma excelente pedida, principalmente nas noites mais frias.

6- Aquele bife suculento jamais deve ser comido à noite, porque a proteína que compõe esse alimento ativa o sistema nervoso simpático, responsável, entre outras funções, por deixar seu corpo em estado de alerta, favorecendo, assim, maior descarga de adrenalina.

7- Um ritual interessante é depois do banho morninho, acender uma lâmpada azul e pingar algumas gotas de óleo de lavanda no travesseiro. Essa técnica acalma os pensamentos, relaxa o corpo e induz a um sono melhor.

8- Um copo de leite morno também ajuda a encontrar o caminho para um sono tranquilo, porque o alimento possui (em concentração não muito grande, é verdade), o triptofano, que é um precursor de serotonina, outro neurotransmissor que está fortemente associado ao relaxamento profundo.

9- Não se engane com aquela relaxadinha gostosa que o álcool oferece, porque, após alguns goles, essa substância pode afrouxar estruturas da região da faringe comprometendo a respiração. O resultado é o insuportável ronco, que prejudica as fases do sono, ou o efeito rebote, que é quando a pessoa acorda várias vezes no meio da noite.

10- Procure dormir, ao menos, sete horas por noite

Fonte; Minha Vida

Na cama (ou quase) com Contardo


Ele é italiano, psicanalista, escritor, colunista e, como se ainda precisasse, carismático. Por isso, assim que soubemos que estava lançando um livro, fomos bater um papo. Sexo, gravidez, drogas, felicidade, mortalidade:para delírio de uma multidão de saias, Contardo Calligaris se entregou.
O alvoroço na redação começou imediatamente. Bastou que ouvissem a frase: 'A entrevista deste mês é o Contardo' para que o som de vozes no ambiente ganhasse decibéis -em poucos minutos começaram a pipocar sugestões de perguntas, abordagens e ângulos e, se não me engano, houve até quem se oferecesse para segurar o gravador durante o papo. Contardo Calligaris é, no imaginário feminino, pelo menos de parte desta redação, o homem ideal: maduro, charmoso, analisado, inteligente, grisalho e, para deixar tudo ainda mais libidinoso, se expressa com um leve sotaque italiano. Basta. O frenesi em torno do nome dele é tanto que uma amiga, ao saber, pelo telefone, que eu iria entrevistá-lo, começou a trocar as sílabas das palavras de forma bizarra e me disse algo do tipo: 'Vo entrevista Caligardo?'. Eu, particularmente, me sentia imune aos seus encantos. Assim, fui ao encontro desse tal super-homem, que também é psicanalista, escritor e colunista. Me achando invulnerável a seu charme, estava preparada para ficar concentrada apenas na pauta e em nada mais. O bom jornalismo, é evidente, pede imparcialidade e, de preferência, que o repórter não babe na frente do entrevistado. Eu era, portanto, uma das únicas ali em condições de cumprir a missão.
Contardo Calligaris, 60, me recebeu numa sexta-feira fria e chuvosa de maio em seu consultório no Jardim Paulista, bairro de classe média de São Paulo. Ele mesmo abriu a porta e, cordialmente, estendeu a mão para me cumprimentar: nada de beijos. Embora esteja no Brasil há 20 anos, depois de morar na Suíça, na França e nos Estados Unidos, ainda carrega hábitos europeus. Sete casamentos com mulheres de várias nacionalidades, um filho francês de 28 anos e muitos enteados, a vida desse milanês itinerante parece ter fincado estacas aqui mesmo, nesse nosso país tão cheio de contradições. De gênio e louco, afinal, todos temos um pouco. Assim, a princípio, a idéia era falar do livro recém-lançado, 'O Conto do Amor' [Companhia das Letras], sua primeira aventura no mundo da ficção. Mas o papo rapidamente escapou para outras angústias da vida moderna e foi ali que comecei a entender o fascínio que esse homem exerce sobre as mulheres: nada pode ser mais sedutor do que a inteligência, e isso o cara tem de sobra.
'O maior ato de coragem é a coragem de amar. Porque o amor é o grande agente de transformações'
MC Seu livro conta a história de um homem que parte em jornada solo rumo à terra e ao passado de seu pai e, nessa viagem, acaba se descobrindo. Um livro que, da forma como li, fala de coragem e amor. É preciso ter coragem para amar?
CC O maior ato de coragem é a coragem de amar. O amor é o grande agente de transformação, em todos os sentidos. Se a gente se transforma em alguma medida na infância é por amor pelos pais, se a gente se transforma numa terapia é por amor de transferência pelo terapeuta, se a gente se transforma numa amizade é pelo amor pelo amigo. O amor é o grande motor das transformações. O que não significa, e isso precisa ser dito em letras garrafais, que a gente possa entrar numa relação amorosa imaginando que possa transformar o outro, porque isso é uma merda garantida. MC Quantos casamentos?
CC Como diria Clinton, defina casamento [ri].
MC Mesmo endereço.
CC [Contando] Um, dois, três... hummmm... sete.
MC É impossível ser feliz sozinho?
CC Não é impossível, mas é mais pobre, né? Acredito na monogamia e em mais nada. Mas acredito que, numa mesma vida, a gente possa ter muitas monogamias sucessivas. Não acredito na eternidade das relações, mas não tenho nenhum interesse pela idéias de me relacionar com várias pessoas ao mesmo tempo, nunca tive, nem quando jovem. Acho isso uma tremenda confusão inútil, até porque o mais interessante de uma relação é ir ao fundo, explorar tudo. Que dure seis meses ou 15 anos.
MC O primeiro casamento foi onde?
CC Aos 18 anos casei com uma americana que conheci em Roma durante um fim de semana. Ela era modelo, dublê e trapezista.
MC A fantasia do macho moderno: modelo e trapezista.
CC Pois é [ri]. Aí fui trabalhar fazendo traduções do inglês para o italiano e tentava me estabelecer como fotógrafo trabalhando à noite para a Anza, a agência de notícias italiana, revelando fotos para os jornais do dia seguinte. Tudo ia bem até meu pai dizer que eu podia ser o que bem entendesse, mas primeiro teria que fazer uma faculdade. Fui para Genebra, na Suíça, fazer Epistemologia (teoria do conhecimento) com o [Jean] Piaget. Quando terminei a faculdade, virei professor-assistente e comecei a viajar muito para Paris, onde também me analisava, porque no meio de tudo isso eu achei que estava precisando fazer análise. Mas nunca pensei em ser psicananalista. Só que aí fui me interessando e fiz meu doutorado em Psicologia Clínica.
MC O mundo parece um lugar sem fronteiras para você.
CC É que viajo desde criança. Meu pai tinha uma noção de férias que era viajar para lugares inusitados com a família. Então, fiz viagens absurdas na infância, como ir de carro de Milão para o Irã, de Milão para a Índia. Mas hoje as viagens de avião me cansam, principalmente depois de 11 de setembro. Hoje, viajo muito leve, só com a mala de mão. Não despacho nada, é intolerável perder mala. E eu convenço minha mulher a viajar só com mala de mão dizendo: 'O que você quiser a gente compra lá' [ri].
MC A mulher é mais interessante do que o homem?
CC Em muitos aspectos, sim, embora as coisas estejam mudando. Os homens estão ficando interessantes.
MC Como assim?
CC Os homens eram, até os anos 60, bastante previsíveis. Até ali, os homens tinham uma idéia relativamente clara a respeito do que era ser homem, uma coisa meio John Wayne. Parecia ser muito evidente o que se esperava de um homem, enquanto para as mulheres decidir o que é ser mulher sempre foi mais aberto.
'Pertencemos a uma sociedade na qual o olhar dos outros é importante para definir quem somos e onde nos situamos'
MC Mais enigmático também?
CC Enigma sob o ponto de vista masculino, aí pode ser. Porque aí entra aquela clássica preocupação masculina de: 'Não sei se consegui levar minha parceira ao orgasmo'. E como ele não viu o resultado direto, a ejaculação, ele se pergunta: 'O que será que uma mulher quer de mim?'. Sob esse ponto de vista, a mulher é um enigma.
MC Ser homem não é tão simples quanto parece?
CC Não, não é. Continuando com o sexo, uma grande parte de imaginário é: a ejaculação faz com que o gozo masculino pareça uma coisa simples, mas as coisas são infinitamente mais complexas porque um homem pode ejacular sem ter prazer nenhum, ou quase nenhum. O gozo não é demonstração de nada. Um homem pode ser anorgásmico, ou seja, não ejacular, e, mesmo assim, ter um imenso prazer na relação.
MC Ou seja, existe uma simplificação do prazer masculino?
CC Sim, a partir do fato de que: 'Ah, tá, tem aqui uma evidência do prazer, então tudo correu bem', como se o orgasmo fosse a única expressão do prazer sexual - e não é.
MC Já a gravidez, esse privilégio feminino, é das coisas mais cheias de camadas psicológicas da natureza, não?
CC A primeira coisa que costumo dizer é que o melhor filme sobre gravidez é 'Alien' [EUA, 1979]. Toda mulher grávida deveria ver. O filme trata de um fator que, no oba-oba geral ao redor da maternidade, é constantemente esquecido, que é: a vida estrangeira que se cria e se alimenta dentro da gente. Tem um aspecto reprimido, que tem a ver com a invasão do corpo por um outro ser que, é óbvio, está presente em toda gravidez e que pode facilmente tomar um viés persecutório. Tudo o que as mulheres vivem negativamente na gravidez, como a deformação do corpo, a invasão, e até o parto, que não é só uma experiência legal, claro que não é, pode ser analisado em 'Alien'. Então é um negócio enlouquecedor. A gravidez é, isso sim, uma puta aventura.
MC A relação mãe e filha é das mais complexas da vida?
CC Normalmente é. Muito freqüentemente é uma rivalidade que não acaba nunca. Mas a relação mãe e filho é facilmente patológica porque tem isso: você gerou uma coisa que você não é, o que dá uma certa sensação de completude. Ao mesmo tempo, você gerou alguém com quem poderia continuar reproduzindo sem precisar de mais ninguém, coisa que com uma outra mulher não será possível, então você poderia reiniciar a espécie humana com seu filho. Mas você tem toda a razão, a relação mãe e filha é muito complexa. Aliás, Freud dizia que tem três coisas impossíveis. Uma é psicanalisar, claro. A outra é governar, e a terceira é educar os filhos. Acho que ele cobriu tudo.
MC É mais difícil envelhecer para a mulher do que para o homem?
CC As mulheres têm essa tendência de achar que os homens de 50 e 60 se dão melhor na vida. Eles encontram mais parceiras, ou parceiras mais jovens, mas é um ponto de vista que me deixa um pouco perplexo. Por um lado, acho que existe um enorme trabalho para ser feito sobre a menopausa. A menopausa é, naturalmente, o fim da possibilidade de reproduzir, mas não tem nenhuma razão para se pensar que deva ser o fim da feminilidade, ou o fim da vida sexual. Mas, aparentemente, para muitas mulheres na menopausa existe uma sensação de que: 'Ah, tá, agora acabou a vida sexual'.
MC Mas nossa cultura sugere a supervalorização do corpo jovem.
CC Não sei quanto isso corresponde realmente ao desejo masculino. Um homem pode se interessar por uma mulher de 50 ou 60 sem problema nenhum. Essa idéia de que o homem seria irresistivelmente seduzido pela carne fresca é um pouco primária. Um homem é seduzido por coisas completamente diferentes. Por exemplo, por quem consegue entrar em seu universo de fantasias, o que não tem nada a ver com a idade. Sem contar que um homem pode até construir um fetiche ao redor dos supostos defeitos do corpo de sua parceria. Mas existem aqueles que, claro, têm problemas de afirmação narcisista em relação a outros homens: são esses que precisam da mulher-troféu para exibir aos amigos.
MC Uma vez li um texto de uma afegã que dizia que se elas vivem sob a ditadura da burca, nós vivemos sob a ditadura do botox e da plástica e da maquiagem. É assim?
CC Pode ser, mas, se tiver que escolher, ainda prefiro a nossa [ri]. Até porque o problema da burca é outro: eu não poderia viver sem me relacionar com o rosto da pessoa. Mas os valores de beleza não são fixos, então não sei se existe uma ditadura. Por outro lado, que exista uma certa ditadura da beleza, sendo que a definição de beleza muda, não me incomoda. Beleza não é necessariamente a simetria dos traços. A beleza pode ser completamente inesperada, pode ser a assimetria, pode ser uma cicatriz no rosto.
'Um relacionamento não dá errado só porque durou pouco. Quem disse que
a duração é um índice
de qualidade?'
MC Só que existe a forçação de barra em relação a um padrão.
CC Mas que a gente tenha esse exigência social é uma conseqüência do fato de sermos uma sociedade em que o olhar dos outros é extremamente importante para definir quem somos e como nela nos situamos. É chato? Sim, mas acho muito interessante que a gente possa ser o que os outros vêem, não exatamente no sentido da mentira e da ilusão, mas no sentido de que a gente pode conquistar o olhar dos outros.
MC Essa vida moderna, cheia de limitações e imposições, dificulta a busca da felicidade?
CC Não tenho muito interesse pela felicidade. Eu vivi os anos 60, fiz tudo o que me interessava, passei um tempo na Índia e no Nepal, e poderia ter ficado por lá, nas drogas, se a felicidade me interessasse. Moraria até hoje em Katmandu, meio pelado, com os macacos, passeando pelas lojas que vendiam tudo o que alguém poderia querer, em várias qualidades e quantidades, a preço de banana. Se quisesse a felicidade, por que teria saído de lá? Não é a felicidade que me interessa. O que me interessa é a vida, é a intensidade das experiências, boas e ruins. Se tiver que curtir uma dor porque morreu meu pai, ou meu cachorro, ou me separei de alguém que eu amava, é para chorar mesmo, e chorar é legal, faz parte de sentir a experiência.
MC A gente não sabe sofrer, é isso?
CC Ou isso ou a gente foi convencido pela idéia de que o sofrimento não deve fazer parte de nossas vidas. Isso é um aspecto psiquicamente higienista. Uma espécie de intervenção médica em cima da nossa vida. É extremamente desagradável essa idéia de que o sofrimento seja considerado patológico, isso é uma loucura. Claro, é evidente, se alguém considera se matar porque perdeu o relógio, aí existe uma desproporção, mas a idéia de dizer: 'Ah, morreu seu pai e eu vou medicá-lo para que você atravesse o luto corretamente' acho um absurdo, uma merda.
MC Uma merda que não tem solução, já que vivemos em um mundo no qual a indústria farmacêutica precisa da doença para sobreviver.
CC Sim, mas, por outro lado, essa indústria já operou prodígios e hoje cura doenças que eram incuráveis. Veja, eu tenho a tendência de avaliar a sociedade em que vivemos com os valores dos anos 70, que foram aqueles que me influenciaram. Então, tomemos, por exemplo, o sexo. O mais extraordinário instrumento de controle sobre a vida sexual foi produzido pela aids, e isso é uma coisa que se fala muito raramente. A gente se esquece de que tem aí pelo menos duas gerações que transam de uma maneira exótica e inusitada. Tudo bem, camisinha é legal e obrigatório, por mais que o Papa ache que não. O problema é que a maneira de transar mudou completamente. Com camisinha, primeiro você tem que ter uma ereção, depois coloca, depois penetra, depois tem que ficar até gozar, depois tira e joga fora e aí acabou e cada um vai tomar banho. Mas antes disso transar era ficar ali por 20 minutos, pára, bate um papo, toma um café, se beija, se chupa, explora... era uma dinâmica completamente diferente. A relação com o corpo do outro era completamente diferente. As relações sexuais se tornaram caretas e pragmáticas.
MC As personagens femininas do livro são muito marcantes. Em quem foram inspiradas?
CC A personagem central foi inspirada em minha mãe.
MC Uma mulher forte, imagino.
CC Meus pais tiveram que fugir do fascismo e foram para as montanhas porque meu pai estava sendo perseguido e, se fosse pego, seria fuzilado, deportado etc., aquelas coisas menos agradáveis do que ir para as montanhas [ri]. Eles fugiram com o meu irmão, que tinha 1 ano. Passaram o inverno de 44, que foi um inverno particularmente rude, acima de 1.800 metros, acampados em áreas de resistência. Eles ficaram ali até a chegada dos aliados, que determinou o fim da guerra, em 45. Mas, para uma moça de 19 anos, da classe média de Turim que, até a guerra, jogava tênis e estudava grego antigo todos os dias, passar por isso durante o inverno com um menino de colo é um negócio curioso. Revela força de caráter especial.
MC Você não passou por isso?
CC Eu nasci bem depois da guerra, em 48. Mas a Itália ainda era um lugar diferente. Na minha rua, a cada duas ou três casas, uma era escombro. Milão, onde nasci, tinha sido fortemente bombardeada. Então, eu era um garoto cercado por uma grande penúria, por um mundo em que os antibióticos eram coisa rara e a comida não era tão disponível.
'Os médicos me disseram que eu tinha dois anos de vida. Tive que fazer um balanço e pensei: 'Foi bom!''
MC Você se tornou um cidadão do mundo muito cedo na vida, não?
CC Aos 14 anos, mais exatamente, quando fugi de casa.
MC Fugiu de casa?
CC Fui para Londres. Meu filho nunca fez nada parecido, graças a Deus [ri].
MC Seus pais te maltratavam?
CC [Ri] É que estava muito apaixonado por uma moça canadense que estava morando em Londres. Tinha ido passar as férias de verão em Londres e lá a conheci. Achei que era uma grande história de amor e nem cogitei pedir a meus pais que me deixassem ir morar em Londres, não haveria negociação possível. Então, voltei para Milão, fiz minha mala e fugi para ficar com ela.Eu sempre fui assim. Uma hora, voltei para casa.
MC Depois de quanto tempo?
CC Depois de um ano. Ela voltou para o Canadá e eu não sabia o que fazer em Londres sem ela. Liguei para os meus pais e eles me mandaram uma passagem de volta em um trem de segunda classe [ri]. Bom, mas eu lembro que estava com muita fome, porque estava sem dinheiro há vários dias, e que meu irmão, quando soube que eu estava voltando, pegou seu carro, que era um Fiat 500, e dirigiu até a fronteira só para me entregar um sanduíche. Esse foi o grande ato de amizade de meu irmão comigo.
MC Como você se sustentou em Londres com 14?
CC Lavei pratos em Baker Street, vendi pulôveres em frente ao British Museum, chamei clientes italianos e franceses na frente de uma boate de strip-tease no Soho à noite...
MC Era um rebelde sem causa?
CC Eu adorava os meus pais, me dava superbem com eles, nada me incomodava. Apenas queria viver esse amor, e esse amor estava em Londres e era para mim muito mais importante do que a escola ou outra coisa qualquer.
MC Você gosta da frase de Lacan que diz: 'A gente não aguentaria nossas vidas se não tivesse certeza de que vai morrer'?
CC Muito. E contrariamente do que possa parecer, não acho essa frase depressiva, porque não acho a morte uma coisa horrorosa. Claro que a gente pode ser tomado por um grande desconforto quando pensa que a vida vai acabar, no sentido de tentar entender o que foi isso e o que passamos aqui. Mas nós somos tomados pela idéia de que o sentido da vida é a duração dela. Ou seja, a vida só teria sentido se durasse para sempre.
MC Isso se reflete no amor?
CC A gente fala de uma relação fracassada porque durou apenas seis meses, ou apenas dois anos. 'O meu casamento fracassou porque durou apenas cinco anos.'Quem disse que a duração é um índice da qualidade do relacionamento? E isso vale para a vida. O que faz uma vida valer a pena ou fazer sentido é a qualidade do que foi vivido. Eu levanto para os pais de adolescentes essa questão. Eles estão sempre tentando entender o que devem fazer para que o filho se prepare para o futuro. Isso, claro, é crucial, mas por outro lado a gente nunca deve perder de vista que os filhos não estão se preparando para o futuro, eles estão vivendo agora, a vida deles é agora. Então vale a pena sempre pensar: 'E se meu filho morresse amanhã, qual o balanço da vida dele?'. É doloroso, mas é importante.
MC A morte não mete medo?
CC Há dez anos tive um diagnóstico chato, apavorante, que, graças a Deus, não deu em nada. Mas tive que encarar, fazer uma cirurgia e só aí o médico disse: 'Olha, desculpa, a gente abriu por nada, não tinha nada'. Tá certo, melhor assim. Mas, durante meses, achei que ia viver no máximo dois anos, era o que os médicos diziam. Foi uma experiência interessante porque tive que considerar que morrer ia ser triste, mas que, por outro lado, tinha feito coisas bacanas. Claro que tinha coisas que eu gostaria de fazer e não ia mais dar tempo, como, por exemplo, escrever esse romance. Mas, no fundo, a idéia que ficava é a de que tinha sido uma puta jornada. Eu ia embora em paz. Então, talvez morrer não seja tão ruim assim [ri].


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Edição 207 - Jun/08

Trabalho ajuda no tratamento da Esquizofrenia, segundo estudos


O trabalho melhora de forma significativa o desempenho intelectual de pessoas com esquizofrenia, além de diminuir sintomas da doença, como apatia e isolamento. É o que mostra um estudo do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-USP).

"As pesquisas realizadas até agora mostravam que pacientes com melhor desempenho cognitivo tinham mais chances de ingressar no mercado profissional", aponta Wagner Gattaz, presidente do conselho do IPq e um dos autores do trabalho. "Comprovamos que a relação inversa também é verdadeira: como diz o ditado, "trabalho faz bem para a cabeça."

O estudo, publicado na revista científica Schizophrenia Research, reúne os resultados do Programa Reação, iniciativa do IPq que, de outubro de 2003 a abril de 2010, conseguiu inserir cerca de cem pacientes em estágios de reabilitação vocacional em São Paulo. Empresas parceiras acolhiam os estagiários sem nenhum ônus. O programa oferecia bolsa mensal de R$ 200 como ajuda de custo para os pacientes.

A ideia do programa surgiu quando Gattaz lecionava na Universidade Heildelberg, na Alemanha. Ele implantou uma ação semelhante em Mannheim, incorporada mais tarde pelo programa local de seguridade social.

A neuropsicóloga Danielle Soares Bio, que também assina o estudo, enumera o perfil dos participantes: pessoas que, em média, conviviam com a esquizofrenia por mais de oito anos e iniciaram o tratamento por volta dos 21 anos. Como pré-requisitos, elas deveriam apresentar boa adesão ao tratamento com os remédios prescritos pelo psiquiatra e quadro clínico estável durante os seis meses anteriores ao programa.

Não havia nenhuma obrigação das empresas parceiras de contratarem os estagiários. Mesmo assim, 42% foram efetivados. "O porcentual seria ainda maior se todos os pacientes contassem com o apoio da família", pondera Danielle, recordando que algumas famílias receavam abrir mão do seguro-desemprego.

Para Gattaz, o trabalho mostra o desejo dessas pessoas de reencontrarem seu lugar na sociedade. "Também sugere que parte da diminuição do rendimento cognitivo é fruto da inatividade, da baixa estimulação intelectual", afirma o pesquisador.

Marcelo (nome fictício) participou do Programa Reação. Depois de seis meses trabalhando em uma organização não governamental na região central de São Paulo, recebeu o convite para ingressar no quadro de funcionários. "Fiquei contente, pois gosto muito do ambiente daqui", diz ele. "A oportunidade ajudou no meu tratamento." Marcelo fala com orgulho do trabalho realizado em uma instituição que promove valores como o aprofundamento da democracia e a responsabilidade ecológica. "Agora, sinto-me útil", resume.

Os depoimentos de empresários também revelam satisfação com o programa. Danielle recorda que, antes e depois do estágio, o empregador também passa por um teste que estima o grau de compreensão e tolerância com transtornos mentais. "Empresas que atuam como parceiras já são instituições com boa consciência social", aponta. "Mesmo assim, com o programa, notamos que muitos receios e incertezas desaparecem."

Nos últimos meses do projeto, pessoas com outros transtornos mentais - como depressão e transtorno bipolar - também participaram do programa. Elas não foram consideradas no estudo publicado na Schizoprenia Research. O trabalho comparou 57 pacientes com esquizofrenia que ingressaram no estágio e um conjunto de 55 pessoas com o mesmo diagnóstico que estava na lista de espera. Gattaz confia na eficácia da estratégia para outros transtornos mentais.

Segundo dados do Ministério da Previdência Social, 13.478 pessoas receberam auxílios-doença por transtornos mentais e comportamentais no ano passado.

Números concernentes:

42 empresas participaram do projeto

42% dos estagiários do programa foram contratados

Fonte: Estadão
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Série Grandes Personas do Piauí


CINEAS SANTOS (1)
Nasceu em Campo Formoso, sertão do Caracol (PI), em setembro de 1948. Vive em Teresina – PI desde 1965. Aos seis anos de idade, depois de ouvir uma tia “cantar” um folheto de cordel, decidiu que, um dia faria algo parecido. Ainda não cumpriu a promessa, mas não desistiu.

Na década de 70, em companhia de um punhado de amigos, fundou o jornal alternativo “Chapada do Corisco”. Em 76 fundou a Editora Nossa, que se transformou em Livraria Corisco. Ao longo desses trinta anos, editou todos os autores piauienses de expressão, de Da Costa e Silva a Mário Faustino. Bacharel em Direito e professor, dirige a Oficina da Palavra e preside a Fundação Quixote, responsável pela realização do Salão do Livro do Piauí.

É autor dos livros: Miudezas em geral (poemas – Edições Corisco); As Despesas do Envelhecer (Crônicas – Edições Corisco); O Menino que Descobriu as Palavras (infantil – Editora Ática), Ciranda Desafinada (infantil – Editora Escala) e já este ano lançou o livro Nada Além (poesia – Editora Bagaço).

Seu sonho mais caro é se tornar Paulo Coelho, não para vender milhões de livros, mas para fazer chover, já que vive, padece, e morre no Piauí.

Postado por Ivan Maurício em 16/11/2008 11:21

http://www.capivaratur.com.br/cineas_santos.htm
Fonte: http://fotolog.terra.com.br/filosofiadofutebol:1574

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
(Reunião - Ed. José Olímpio - p. 168)

COLETÂNEA DOS ARTIGOS PUBLICADOS NO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO DE 25/08/90 SOBRE A MORTE DE SKINNER


Jesus de Paula Assis

"Behaviorismo" do inglês "behavior", comportamento. Eis a chave para entrar na mente, essa entidade fugidia que há séculos escapa da investigação filosófica. Pelo menos era assim que pensavam os behavioristas do início deste século, como John Watson (1878-1958) que cunhou o termo em 1913: para os animais, não existe como perguntar "o que você está sentindo?". O possível é apenas estimulá-los e observar sua reação ao estímulo. Porque deveria ser diferente com seres humanos?

Não que seres humanos sejam incapazes de "sentir", seja lá o que isso signifique exatamente. O problema é como ter acesso a isso. No início do século 20 (e ainda hoje, dirão seus críticos), a psicanálise era muito nova - a palavra mesmo só aparece na língua inglesa, oficialmente, em 1923 - e tinha pouco a oferecer nesse sentido. Seu método é introspectivo, isto é, o indivíduo estuda a si mesmo. Logo, o resultado de seus estudos - o que o pesquisador "observa" - não pode ser compartilhado com outros. Isso se afasta do alvo de toda ciência: erigir conhecimento público, que não exija dotes especiais de observação.

O ponto então era: se a filosofia jamais deu conta de explicar como pensa o homem, porque não abandonar conceitos como "mente", "estado mental", ("alma", se se quiser) e voltar os olhos apenas para o comportamento? Um enfoque que dê caráter realmente científico ao estudo da mente deve tratá-la como se ela fosse uma "caixa preta". Injetam-se estímulos e se recebem respostas. A equação entre essas duas variáveis é tudo o que uma psicologia realmente experimental pode pretender.

O mesmo projeto move, por exemplo, a física. O cientista deseja equacionar a magnitude de uma força a de um movimento resultante. Tudo o que acontecer pelo caminho fica por conta das teorias do freguês. Se as duas pontas, causa e efeito, estiverem relacionadas - se dada uma, o físico puder prever a outra -, o resto é supérfluo.

Quem teme hoje o behaviorismo? Na esteira da crítica ao positivismo - especialmente em sua vertente mais moderna, o positivismo lógico - o behaviorismo aparece como uma teoria que se deve desprezar, que não fica bem defender. É certo que muitas das teses fortes da teoria estão ultrapassadas. Watson pretendia que todos os fenômenos psicológicos poderiam ser reduzidos a movimentos moleculares e que comportamentos complexos seriam resultados da soma de maldefinidos "comportamentos elementares". Skinner, mais prático, observou que não era preciso esposar essas teses fortes. Seu behaviorismo descritivo, ou ateórico, deixava de lado os "estados mentais" nas explicações de como funciona a mente, mas não afirmava que tais estados não existiam: eram apenas supérfluos do ponto de vista de uma psicologia científica. A prova de que esse behaviorismo é ainda muito forte é que qualquer estudioso sério deve se posicionar a seu respeito. Se fosse elementar ou infrutífero, não haveria por que combatê-lo. Bastaria, como se faz com tantas teorias fora de moda, ignorá-lo.

Uma coisa é dizer algo como "a mente comanda o corpo" ou "a vontade domina as ações". Essas são afirmações difíceis de se testar na prática. Por exemplo, dada uma ação qualquer (o movimento dos olhos ao se ler este texto), como dizer que isso é fruto da "vontade"? Seria preciso definir claramente esse conceito. Depois, seria preciso explicar quais os mecanismos de causa e efeito que unem vontade e ação, e assim por diante. Essas sentenças são daquele tipo que todo mundo parece compreender, mas que ninguém é capaz de explicar corretamente o porquê de sua plausibilidade.

Outra coisa bem diferente é dizer "dado este estímulo, devo obter tal e tal resposta, o que mostra que o cérebro opera sempre nesse sentido". Se, dado o estímulo, a ação correspondente resolver não aparecer, pode-se dizer que a hipótese que afirmava a relação de causa e efeito falhou. Assim, uma teoria como essa é muito mais aberta a críticas e, consequentemente, a testes que ponham a descoberto suas incorreções. Em casos extremos, pode ser difícil definir "comportamento", mas a tarefa parece bem mais tratável que a de definir "vontade".

Francis Bacon dizia que o progresso nasce mais facilmente do erro que da confusão. Constatado um erro, é possível progredir.

A confusão não deixa saída. Contra a obscuridade das teorias clássicas sobre o pensamento se insurgem os claros "erros" behavioristas. Tanto melhor para a ciência.


A MENTE E A LIBERDADE PARA SKINNER

Júlio César Coelho de Rose1

Skinner, o principal psicólogo da corrente behaviorista, é um cientista pouco lido e raramente compreendido. Suas idéias são muito complexas e enfatizam a necessidade de explicar qualquer comportamento, por mais simples que pareça, como resultado da combinação de muitas causas. Os métodos da Análise do Comportamento foram propostos por Skinner para destrinçar estas múltiplas causas e mostrar como elas se combinam para determinar a conduta. Skinner escreveu um livro, "Sobre o Behaviorismo", procurando mostrar que são falsas as afirmações mais difundidas a respeito do seu pensamento, como por exemplo as seguintes: 1)ele ignora a consciência e os estados mentais;

2)formula o comportamento simplesmente como um conjunto de respostas a estímulos, representando assim a pessoa como um autômato, robô, boneco ou máquina;

3)não dá lugar para intenção ou propósito.

O maior e mais persistente destes erros é considerar que Skinner é um dos teóricos que representam a conduta como uma sucessão de estímulos e respostas. De fato, ele foi o primeiro psicólogo experimental a demonstrar que, mesmos os animais, a maior parte dos comportamentos não são uma reação a estímulos do ambiente. Skinner deu o nome de "operantes" a estes comportamentos, chamando a atenção para o fato de que eles operam sobre o meio. Esta rejeição da teoria do estímulo e resposta está clara na frase que abre o seu livro "O Comportamento Verbal": "Os homens agem sobre o mundo, modificam-no e, por sua vez são modificados pelas consequências de sua ação". Aqui fica delineada uma relação de importância fundamental para o estudo do comportamento: a relação entre o comportamento e os efeitos que este comportamento produz sobre o ambiente. Esta relação estabelece os efeitos ou consequências do comportamento presente como parte das causas do comportamento futuro. Portanto, a vida do indivíduo envolve uma história de relações do seu comportamento com o ambiente; para entender o comportamento é necessário retroagir à história do indivíduo, às relações entre comportamento e consequências ocorridas no seu passado. O comportamento é resultado da história individual, combinada com a herança genética.

Toda a teoria de Skinner está baseada na noção de que o comportamento de um indivíduo é afetado pelas consequências que comportamentos similares tiveram no passado. Skinner distingue dois tipos de consequências do comportamento. Os reforços fazem com que comportamentos similares ocorram com mais frequência no futuro (este processo é denominado condicionamento operante). Já as punições podem fazer com que comportamentos similiares diminuam no futuro.

Porém, Skinner sempre chamou a atenção para o fato de que a redução de comportamentos através de punições é ineficaz e costuma trazer graves subprodutos psicológicos. Com base nisto, ele desaconselha enfaticamente o uso de punições na educação ou em qualquer outro campo das atividades humanas.

Skinner mostrou, por exemplo, como os efeitos do reforço são drasticamente modificados pelo contexto e pelo "tempo" de apresentação do reforço, ou, mais precisamente, pelo esquema de reforço. A análise de casos concretos, sem considerar estas e outras complexidades da história individual, pode resultar apenas em generalizações simplistas.

Vamos nos referir a um tipo concreto de comportamento, a fala, para dar uma idéia da complexidade da análise e também para introduzir um dos pontos mais controvertidos das teorias de Skinner. Aplicando as noções de reforço e punição poderíamos imaginar, por exemplo, que um indivíduo que fala muito pode ter tido o seu comportamento de falar bastante reforçado no passado; por outro lado, um indivíduo que fala pouco e mostra-se constantemente reservado, taciturno e introvertido, pode ter sido pouco reforçado e/ou frequentemente punido por seu comportamento de falar. Os métodos de análise desenvolvidos por Skinner mostram que raramente as coisas ocorrem de modo tão simples e linear. Por exemplo, reforços ou punições específicas podem fazer com que o indivíduo fale mais na presença de determinadas pessoas e menos na presença de outras; ele pode falar mais sobre certos assuntos e menos sobre outros. Além dos reforços e punições de sua história passada, a fala do indivíduo pode ser afetada pelas suas emoções, motivações, fadiga ou efeito de certas drogas, etc. Para uma análise mais acurada, referir-se simplesmente ao comportamento de falar é muito genérico: é preciso distinguir os diferentes aspectos da fala de uma pessoa, onde podem ser encontrados vários tipos de comportamentos operantes. Há os comportamentos de fazer pedidos, dar ordens, fazer perguntas, descrever diferentes tipos de coisas, ações ou situações etc. E cada um destes tipos de comportamento pode ocorrer nos mais variados contextos, sendo diferencialmente afetado por reforços e punições, além dos demais fatores já mencionados, como emoções, motivações, etc.

Utilizamos o exemplo da fala, para mencionar a grande polêmica a respeito da aplicação das idéias de Skinner à linguagem. Vários linguistas têm argumentado que os processos de condicionamento operante não podem explicar a estrutura da linguagem humana, e nem a capacidade que um ser humano tem de falar e entender frases que nunca tenha falado ou ouvido antes. Os psicólogos influenciados por Skinner consideram, no entanto, que também na questão da linguagem, como em muitos outros domínios do comportamento humano, há evidências científicas suficientes de que o comportamento presente de um indivíduo é afetado pelas consequências de seu comportamento passado.

Skinner observou que a linguagem pode exercer um controle direto sobre a ação, modificando os efeitos do condicionamento operante. Ele distingue entre o comportamento moldado pelas contingências (a conduta que é efeito direto e muitas vezes inconsciente dos reforços e punições do passado) e o comportamento governado por regras. As regras podem ser, na verdade, fórmulas, instruções, conselhos, ordens, máximas, etc. Uma pessoa pode receber instruções ou regras formuladas por outros, assim como ela pode, observando seu próprio comportamento e o mundo a seu redor, formular regras para si mesma e através delas dirigir seu comportamento. As regras podem suplantar o efeito direto do condicionamento operante, mas ainda aí cabe à Análise do Comportamento identificar o que faz com que um indivíduo esteja mais ou menos inclinado a seguir regras ou instruções.

Skinner introduziu a noção de comportamento governado por regras em seu livro "Contingências de Reforço", utilizando-a para analisar os processos de pensamento e solução de problemas. Em outra ocasião ele reafirmou que a Análise do Comportamento "... não rejeita qualquer destes processos mentais superiores; ela tomou a liderança na investigação das contingências sob as quais eles ocorrem. O que ela rejeita é a suposição de que atividades comparáveis têm lugar em um mundo misterioso da mente" ("Sobre o Behaviorismo")

Em lugar deste mundo misterioso da mente, Skinner fala, em "Sobre o Behaviorismo", do "mundo por debaixo da pele". Ele refere-se à parte do ambiente que está dentro do corpo de cada indivíduo: a pessoa fala para si mesma e executa outros movimentos de seus músculos em escala tão reduzida que não podem ser percebidos por um observador externo. Ela sente dores e as condições de tensão e relaxamento de seus músculos, etc. Só a própria pessoa pode observar ou sentir o que se passa no seu mundo privado. Skinner sustenta que a Psicologia não pode ignorar estes processos só porque eles não podem ser publicamente observados.

Como o indivíduo pode obter consciência do seu mundo privado, e também do seu comportamento e das condições que o determinam? Skinner sustenta que para isso é necessária a mediação da comunidade, que estabelece as contingêngias de reforço para os comportamentos de autobservação e autodescrição. Como a Análise do Comportamento possibilita um conhecimento das contingências de reforço mais eficazes, Skinner afirma que ela pode ajudar na construção de uma autoconsciência: "Uma ciência do comportamento não ignora, como se diz frequentemente, a consciência. Pelo contrário, ela vai muito além das psicologias mentalistas ao analisar o comportamento autodescritivo. Ela tem sugerido maneiras melhores para ensinar o autoconhecimento e também o autocontrole, que depende do autoconhecimento" ("Contingências do Reforço").

Subjacente à teoria behaviorista está a idéia de que todo o comportamento humano é determinado, sendo portanto controlado por causas específicas. Ao afirmar as implicações desta causalidade, Skinner é visto como um defensor do controle doo comportamento e um inimigo da liberdade humana. Suas idéias podem, no entanto, ser vistas de uma maneira mais positiva: o homem não pode mudar a natureza e não pode impedir que o ambiente exerça algum tipo de controle sobre seu comportamento. Se ele recusar-se a conhecer os processos que controlam seu comportamento, será sempre uma presa inconsciente das "agências controladoras". Conhecendo os determinantes do comportamento, o homem estaria mais capacitado a assumir o controle do próprio destino.

HERANÇA FILOSÓFICA AINDA ASSOMBRA HUMANISTAS

Fernando de Barros e Silva

Quando publicou seu primeiro livro "O Comportamento dos Organismos", em 1938, Burrhus Frederic Skinner foi recebido com frieza pela crítica. O livro encalhou; sua segunda edição só saiu na década de 60. No último sábado (18/08/90), Skinner morreu aos 86 anos. Era, então, o maior nome da psicologia behaviorista e um dos pensadores mais controvertidos da segunda metade deste século.

Skinner foi uma pedra no sapato dos humanistas. Tratou os conceitos de liberdade e dignidade humanas como "mitos" que deveriam ser desconsiderados pela ciência. Entre as acusações que acumulou em vida, estava a de ser um "psicólogo de ratos" e ter concebido uma sociedade nos moldes totalitários. Boa parte da ira que Skinner provocou nasceu do impacto de livros que extrapolavam os limites da psicologia.

Em "A Tecnologia do Ensino"(1968), o "pai" do behaviorismo radical, como era chamado, lançou a teoria do "ensino programado". Defendia que "máquinas de ensinar" seriam mais eficazes do que professores em sua tarefa pedagógica. Os alunos deveriam ser educados da mesma forma que animais eram induzidos a responder a estímulos determinados dentro do laboratório.

Skinner já havia ido mais longe em "Walden 2", romance de 1984. O livro descreve uma sociedade imaginária funcionando segundo os postulados behavioristas. Nela, não há classes sociais, propriedade privada, violência ou privilégios. Este mundo, Skinner o imaginava como resultante de condicionamentos complementares. Numa passagem, o autor descreve uma cena em que cabras pastam no jardim de uma casa e tira disso a seguinte conclusão: as cabras ficam alimentadas ao mesmo tempo em que fazem a manutenção do jardim. "Walden" seria um país onde tudo funcionasse dessa forma. Os críticos do "paraíso terrestre" proposto por Skinner diziam que seu preço era a redução dos indivíduos a simples peças de uma "engenharia social" (expressão do próprio Skinner).

"'Walden 2', foi mal compreendido; o projeto do livro não é totalitário, é movido por um espírito iluminista", diz Maria Amália Andery, 37, professora da faculdade de Psicologia da PUC que acaba de fazer sua tese de doutorado sobre o romance. Segundo ela, as críticas que se pode fazer ao Skinner pensador social são duas: "Sua postura era cientificista; ele acreditava que os problemas humanos poderiam ser resolvidos através da ciência". Além disso, diz Maria Amália, "Skinner não pensa a passagem do mundo atual para a sociedade behaviorista; ele toma isso como um pressuposto, o livro começa pela descrição dessa sociedade".

No campo da psicologia, a contribuição fundamental de Skinner foi uma invenção à primeira vista banal: uma caixa capaz de isolar animais em laboratório e estudar seu comportamento em condições tidas como ideais. A invenção foi batizada de "caixa de Skinner".

"Sua caixa é uma espécie de teoria materializada que institui o comportamento como objeto e garante o rigor de seu controle e de sua previsão", diz o professor de filosofia Bento Prado Jr., 53. Para ele, a caixa "também marca os limites da psicologia skinneriana, já que essa não pode abandonar o recinto do laboratório sem se descaracterizar e cair nas noções vagas do senso-comum".

Bento Prado não está sozinho ao apontar a fragilidade da teoria skinneriana quando esta sai da "caixa". Osmyr Faria Gabb Jr., 40, coordenador do Núcleo de Fundamentos da Psicanálise e da Psicologia da Unicamp, diz que o behaviorismo "foi para o espaço" quando saiu do laboratório. "Quando se debruçou sobre as situações reais de interação social, o skinnerianismo foi desastroso. Na vida não há como controlar as variáveis que se controlam em laboratório", afirma.

Luis Claudio Figueiredo, 44, professor do instituto de Psicologia da USP, discorda que a teoria de Skinner se esfacele quando enfrenta o mundo. "Ele desenvolveu técnicas de controle e previsão do comportamento que foram fundamentais para o progresso da psicologia e da psicofarmacologia", diz Figueiredo. "O método de Skinner funciona no tratamento de crianças excepcionais e tem aplicações inegáveis na pedagogia", completa.

Figueiredo distingue duas dimensões na obra skinneriana. Uma é sólida e deriva dos resultados obtidos em laboratório. A segunda foi desenvolvida sem a base experimental e deve ser tomada como "interpretação", não como ciência. "Este é o ponto mais vulnerável de sua obra, mas também o que o tornou conhecido fora da universidade", diz Figueiredo. Segundo ele, Skinner "sabia da fragilidade dessas posições, mas alimentava a polêmica, era um agitador cultural". Se a análise for correta, Skinner atingiu o alvo. Morreu catalizando atenções e provocando polêmicas.

OBRA DE SKINNER VAI ALÉM

Maria Amélia Matos1

Ao se estudar a obra de B.F Skinner é necessário antes de mais nada distinguir entre o behaviorismo radical e o analista de comportamento. O primeiro tem uma postura filosófica diante do mundo, da ciência e do conhecimento que reflete muito a influência da obra de Wittgenstein e sua teoria geral da linguagem. Tem-se dito que Skinner é um positivista lógico; na verdade, exceto por um pequeno interesse pelo operacionalismo no início de sua carreira e pela sua constante preocupação com a verificabilidade, a epistemologia skinneriana é marcadamente diferente daquela dos positivistas lógicos. Seu anti-formalismo, suas posições diante do problema de contrução de teoria, sua postura inabalavelmente empírico-descritiva revelam antes, a influência do físico E. Mach. Mesmo enquanto behaviorista, sua posição é malcompreendida. É um behaviorista na medida em que propõe que o objeto de estudo da psicologia deva ser o comportamento; e é um radical na medida em que nega ao psiquismo a função de causa do comportamento, embora não negue a possibilidade, de, através de um estudo da linguagem do sujeito, estudar seus estados internos, como seu pensamento e sentimentos.

Skinner enquanto um analista do comportamento propõe um programa de pesquisa para que a psicologia possa desvendar seu objeto de estudo. É com esse programa que trabalham seus seguidores, muitos dos quais desconhecem sua filosofia. A primeira proposta clara para esse programa só surgiu em 1938 com a obra "The Behavior of Organisms: An Experimental Analysis", enquanto sua filosofia, que já vinha sendo posta em prática desde 1931, só encontra igual explicitação em 1945, em seu artigo "The Operacional Analysis of Psychological Terms" (que, aliás, expressa uma postura anti-operacionalista). Posteriormente, essa explicitação foi traduzida (para enorme escândalo dos próprios bahavioristas) em "Science and Human Behavior" e, finalmente, entendida em 1974 com "About Behaviorism".

Skinner vê a psicologia como uma ciência biológica (embora seja avesso ao reducionismo fisiológico), que estuda o comportamento dos organismos dentro de coordenadas espaço-temporais, e na sua interação com o ambiente. Na verdade, propõe o estudo da interação comportamento-ambiente, posto em sua unidade de análise é a relação resposta-consequência (e não a resposta isolada), cujos termos são classes funcionais e não entidades estruturais. Ao contrário do que muitos julgam, não é uma psicologia voltada nem para o ambiente nem para o organismo, e sim para o estudo das contingências que contatam os dois, e, para os efeitos desse contato sobre o modo de agir e proceder dos organismos. Para Skinner, o comportamento tem lugar no mundo físico e social fora do organismo (ou melhor, somente aquelas interações que por aí terem lugar se constituem em eventos observáveis são legitimamente objetos de seu estudo). Quando uma pessoa descreve seus pensamentos, sentimentos ou suposições, tudo isso é comportamento. Entender os pensamentos e sentimentos de uma pessoa é conhecer as condições em que ela expressa esses sentimentos e pensamentos bem como as relações funcionais entre essas condições e aquelas expressões.

Skinner não rejeita que possam ocorrer fenômenos em outras esferas e níveis nos organismos (ao contrário do que afirmam alguns críticos), mas defende que, se o comportamento vai de fato explicar ou ser explicado por tais fenômenos, então, os métodos de coleta e de interpretação desses dados devem estar no mesmo nível dos princípios básicos das ciências naturais, que é o nível do comportamento. Como já dissemos, Skinner não nega a existência de estados internos, e o fato de que esses eventos se situem dentro dos organismos e não possam ser observados senão pelo próprio sujeito não põe em discussão sua existência. A objetividade ou concordância de observadores externos não é critério de realidade, nem critério para escolha de objeto de estudo. A restrição existente diz respeito ao acesso (para o qual bastaria um único observador), diz respeito à relação sujeito-fenômeno x observador-fenômeno. Nesse sentido, o behaviorista não discute se o relato (num estudo de relatos verbais sobre estados internos, por exemplo) é ou não real; ele é! O behaviorista discute porque o sujeito selecionou falar sobre esse evento e não sobre outros. Essa escolha é observável e pode se constituir legitimamente em seu objeto de estudo (aliás, é sobre essas escolhas e seus determinantes que incide grande parte da ação terapêutica). Por outro lado, estados subjetivos não têm status causal no bahaviorismo radical.

A palavra reforçamento, fortemente identificada com essa proposta, refere-se, de fato, a um tipo de contingência comportamento-ambiente muito importante: "o comportamento é afetado pelas suas consequências". Tão importante, que foi reificada, tanto por behaviorista como por críticos apressados, e virou "explicação" e/ou "causa" do comportamento, virou até mesmo uma "teoria". O behaviorismo radical "explica" o comportamento - se é que essa palavra deve ser usada -, especificando as condições nas quais o comportamento ocorre. O reforçamento seria uma das formas de selecionar comportamentos (isto é, de alterar a força, a variedade e a variabilidade dos comportamentos). Essa "modificabilidade" e "variabilização" do comportamento seriam, elas próptrias, produtos de uma seleção, dada a adaptabilidade dessas características e seu valor de sobrevivência. É aqui que se revelam as influências de Darwin e Spencer, e o cunho decididamente biológico que imprime à palavra "comportamento".

A expressão "seleção pelas consequências" é mais do que isso, ela de fato resume o modelo proposto por B.F. Skinner para o estudo do comportamento. Para ele, não só as características anatômicas e fisiológicas, mas também as comportamentais, passam por sucessivos crivos de uma seleção baseada nos contatos dos organismos vivos com seu ambiente. Todo ser vivo evolui e transforma-se continuamente (razão porque, certa vez, indagado, disse: "estudo o movimento dos organismos"). Mais importante, tais transformações são direcionadas pelas consequências que tais contatos produzem. Por força desses contatos o organismo muda o ambiente em que vive e é, por sua vez, modificado pelas mudanças que produziu. Para Skinner, o comportamento (e fazer ciência é um comportamento) está sempre em construção e reconstrução (donde a ênfase em estudos na área de apredizagem), sob a influência de contigências filogenéticas (atuando no nível das espécies), de contingências ontogenéticas (atuando no nível dos repertórios comportamentais individuais), de contingências culturais (atuando no nível das práticas grupais).

A vida, definida como uma molécula que se produz e que, ao se reproduzir é modificada, isto é, é selecionada em suas características pelo meio (ou mais propriamente, pelas mudanças que é capaz de produzir no meio), representa o primeiro exemplo de transformação ou seleção pelas consequências: Na filogênese, a modificação ocorre na reserva genética da espécie e assim transmitida pelos indivíduos que, consequentemente, sobrevivem. Em nível comportamental, esses indivíduos tornam-se sensíveis a diferentes tipos e/ou níveis de estimulação, apresentam posturas típicas, sequências reflexas, etc. O segundo exemplo de seleção pela consequência ocorre na ontogênese. Ele é melhor entendido se opusermos dois tipos de comportamento. O comportamento reflexo, controlado por mecanismos descritos por Pavlov e desencadeado por mudanças ambientais, e o comportamento operante, controlado por mecanismos que Skinner e seus seguidores estudam e que não é desencadeado por mudanças ambientais, pelo contrário, é afetado pelas mudanças que opera sobre o ambiente. Dito de outro modo, o comportamento operante repete-se e, a cada repetição, é modificado - enquanto classe -, pelas consequências que sua ocorrência produz no ambiente.

Na evolução cultural, terceiro nível da seleção por consequenciação no modelo skinneriano, a modificação ocorre naqueles dois primeiros níveis, porém via planejamento de grupo. O grupo adota e implementa comportamentos exibidos por determinados indivíduos (comportamentos esses que se revelaram úteis na solução de problemas), e dissemina esses comportamentos entre os demais indivíduos, garantindo assim a sobrevivência do grupo. Para Skinner, as práticas culturais representam casos especiais de aplicação do conceito de comportamento operante, quando diz, "é o efeito sobre o grupo, não as consequências reforçadoras para membros individuais, que é responsável pela evolução da cultura".

O teste desse modelo, sucintamente descrito aqui, é o programa de trabalho do analista do comportamento. Ele o realiza a partir de uma unidade que, no momento, é descrita como possuindo três termos: o comportamento e seu contexto ambiental antecedente e consequente. Tal programa tem produzido descrições quantitativas que analisam a interdependência entre o conjunto de variáveis do organismo e o conjunto de variáveis do ambiente. A análise experimental do comportamento já demonstrou que essas relações não precisam ser imediatas, que podem ser expressas em termos relativos, e que, provavelmente, incluem muito mais que três termos.

A abordagem do analista comportamental ao seu objeto de estudo implica em uma sofisticada metodologia de sujeito único, isto é, do sujeito como seu próprio controle, (descrita em 1865 por Claude Bernard e extrapolada, em 1960, por Murray Sidman, para o estudo do comportamento dos organismos). Seus procedimentos laboratoriais envolvem técnicas elaboradas como modelagem de resposta e de estímulo,esvanecimento, escurecimento, esquemas, encadeamento etc. Sua linguagem inclui uma série de conceitos descritivos, como reforçamento - e suas variantes: primário, secundário, positivo e negativo -, punição, controle de estímulos, classes de respostas, equivalência, operantes, lei da igualação etc. Essa metodologia, essas técnicas e esses conceitos explicitam o comportamento em suas relações com o ambiente, de uma forma tão evidente, regular e sistemática, que fazem por prescindir da estatística, como medida do resultado, e do acordo entre observadores, como critério de verdade. Mas o analista do comportamento não prescinde da replicabilidade. Ele concorda com auto-observação, autoconhecimento e aceita relatos na primeira pessoa, porém questiona a natureza do que está sendo observado, conhecido e relatado.

Existem hoje mais de 40 periódicos científicos que publicam exclusiva ou predominantemente trabalhos de pesquisa (teórica ou empírica, básica ou aplicadaa) de cunho comportamental, editados nos EUA, México, Peru, Brasil, Japão, França, Canadá e Bélgica. Até 1984, haviam sido indexados mais de um milhar de títulos, só nos EUA, de obras relativas ao behaviorismo radical de Skinner. Seus seguidores discutem pesquisas e idéias em sociedades científicas espalhadas nos EUA, Canadá, México, Irlanda, Bélgica, Alemanha, Itália, Uruguai, Japão, Brasil, Colômbia, Venezuela, Equador, Panamá, Bolívia, Chile, Guatemala, Nicarágua, Porto Rico, Holanda, Inglaterra, País de Gales, França, Portugal, Espanha, Suécia, Israel, Nova Zelândia, Austrália e Suíça.

O esforço de toda uma vida de trabalho pelo professor Skinner e a expansão e continuidade desse trabalho por seus alunos representam uma contribuição no sentido de tornar o estudo do comportamento objeto de investigação científica e não mero quebra-cabeças metafísico, evitando cair quer no mecanismo reflexológico quer no intencionalismo voluntarista.

Fonte: http://www.cemp.com.br

A Vida Não É Fácil


O maior erro do ser humano;
É achar que a vida é fácil. É achar que a vida é simples.
Não meu amigo; A vida é difícil, é muito difícil.
E não é só para você. É para todo mundo.


Até para aquele que você pensa que vive muito bem.
Até pra quem você vê sorrindo todos os dias.
Todos. Todos nós temos problemas e dificuldades.
Muitas vezes interiores, que só nós sabemos.
Muitas vezes exteriores que todo mundo vê e sabe.
Então, quem vem para esse mundo, achando que a vida é brincadeira;
Que a vida é só acordar, dormir, brincar, trabalhar e ser feliz;
Está enganado. A vida é uma luta diária.
A felicidade não cai do céu. A felicidade se conquista.
E com muito sacrifício. O sacrifício, a luta de cada dia.
É preciso saber abrir mão. É preciso saber dizer não.
Saber não ter e não poder aquilo que queremos.
Vencer as dificuldades dia após dia. Vencer as tristezas e os sentimentos ruins que vivenciamos.
Ninguém é feliz todos os dias. Nem aquele que você acha que é.
Ser feliz todos os dias não é normal. Ser feliz por muito tempo sim, pode ser.
Mas não todos os dias, todas as horas. A vida é feita de momentos.
Bons e ruins. Ás vezes muito bons. Ás vezes muito ruins.
Os momento ruins parecem não ter fim. E os momentos bons parecem passar rápido demais.
Mas não se esqueça: Tudo nessa vida tem início e fim. Você querendo ou não.
Tudo nessa vida tem um lado bom e ruim. Você acreditando ou não.
E por incrível que pareça você que escolhe a todo o tempo; Se vai ver da forma boa ou ruim.
Não é fácil entender e aceitar essa idéia. Mas é verdade. Essa é a grande verdade da vida.
Tudo, mas tudo nessa vida; Tem uma forma positiva e negativa de ser visto.
Mesmo a pior coisa que já tenha lhe acontecido. A pior coisa que já tenha visto.
As coisas ruins costumam marcar demais por toda a nossa vida. E as coisas boas acabam sendo pequenas lembranças.
Você precisa lutar contra sua própria natureza.Tudo depende do valor que você dá a cada coisa.

Se esforce para valorizar as coisas boas da vida. Se esforce para não deixar as coisas ruins terem mais valor para você. Isso faz a diferença.
Por isso, pessoas que pregam o bem e o pensamento positivo são mais firmes, sofrem menos ao longo da vida.
Transformam sua vida e sua capacidade de ver as coisas.
Transformam sua capacidade de enfrentar e superar os problemas;
As tristezas, as dificuldades, as perdas, as traições, o sofrimento.
A mudança começa no pensamento, mas só acontece na atitude.
A atitude de escolher uma forma positiva de viver e de pensar. A atitude de se transformar.
Mudar seu pensamento, muda seu comportamento. Mudar seu comportamento, também muda seus pensamentos.

E então muda seus sentimentos. E melhora sua vida.
Se você só pensa e não toma atitude; Você não muda; E assim não muda seus sentimentos.
Então lembre-se meu amigo; A vida não é fácil ; Precisamos lutar todos os dias; Precisamos nos sacrificar todos os dias; Precisamos da força de superação que todos nós temos e a maioria não sabe.
Precisamos nos esforçar a todo momento para lutar contra nossa própria natureza.
Precisamos nos concentrar para mudar nossas atitudes.
Ninguém veio aqui à passeio, como muitos pensam. Não podemos nos acomodar ou esperar as coisas acontecerem. Viemos para lutar. Viemos para ser guerreiros. Guerreiros em busca de uma só conquista:
A conquista da felicidade.

Paulo André Issa

Imagens Google

O QUE É TERAPIA COMPORTAMENTAL?


Psicoterapia na Análise do comportamento é um processo privilegiado de crescimento humano que envolve duas pessoas (o terapeuta e o cliente). Juntos eles buscam identificar, explorar e analisar ações, pensamentos e todas as nuances de emoções que possam estar trazendo ao cliente problemas ou transtornos para sua vida e/ou para a vida das pessoas que o rodeia.

Em última instância, a psicoterapia nos dá um espaço, um tempo, uma privacidade e uma oportunidade para ouvirmos nossos próprios pensamentos, prestarmos atenção em nossos sentimentos, olharmos o nosso ambiente, revermos nossa visão de mundo e assim nos relacionarmos com ele a partir de um jeito novo de ser.

Psicoterapia Comportamental (TC) é o nome dado à abordagem em psicoterapia que se fundamenta no Behaviorismo Radical de B. F. Skinner. Ela se caracteriza por fundamentar-se em princípios sobre o comportamento, definidos a partir de conhecimentos teóricos e práticos, preocupando-se ainda com a comprovação científica de seus procedimentos. Ao contrário do que muitos pensam, ela não trata apenas dos “sintomas observáveis”, mas entende o comportamento como uma relação entre o sujeito e o seu ambiente. Portanto, o terapeuta comportamental investiga vários aspectos do comportamento (motores, afetivos, cognitivos) e busca estabelecer relações deste comportamento com as condições físicas e sociais em que estes ocorrem.

O processo terapêutico consiste numa análise funcional (em função de que) do comportamento do cliente. Normalmente o cliente “busca alguém que o ‘cure', isto é, sente e percebe em sua vida que algo está errado, e quer mudar. No entanto, o analista do comportamento sabe que o comportamento que o indivíduo emite foi selecionado pelas conseqüências, tem uma função dentro do seu repertório, mesmo quando aparentemente é inadequado.”... “Portanto, a primeira consideração que precisa ser feita é que o comportamento do cliente tem uma função . Cabe ao terapeuta descobrir porque (em que contingências) este comportamento se instalou e como ele se mantém. Esta descoberta se faz pela análise funcional que, em clínica, envolve pelo menos 3 momentos da vida do cliente: sua história passada, seu comportamento atual e sua relação com o terapeuta”. (Delitti, 1997)

No processo terapêutico, as indagações do terapeuta auxiliam o indivíduo a estabelecer relações funcionais entre seu modo de agir e sentir e as circunstâncias antecedentes e conseqüentes que controlam seu comportamento. Nesse processo, o terapeuta passa a representar o ambiente verbal que fornece as contingências necessárias à auto-observação.

“A psicoterapia é, freqüentemente, um espaço para aumentar a auto-observação, para ‘trazer à consciência' uma parcela maior daquilo que é feito e das razões pelas quais as coisas são feitas. Tanto na psicoterapia como na literatura, a análise da personalidade é freqüentemente denominada ‘busca do eu'. Mais freqüentemente como ‘busca do verdadeiro eu', um eu que deve ser procurado porque presumivelmente está escondido”. (SKINNER, 1989 pg.47).

O terapeuta comportamental pode ainda contar com o auxílio de um conjunto de técnicas de modificação de comportamento, em casos necessários, cuja eficácia já foi clinicamente comprovada e auxiliam o cliente no seu restabelecimento psicossocial, quando sua interação social foi seriamente comprometida em função de transtornos específicos.

A psicoterapia comportamental é amplamente utilizada no tratamento dos transtornos de humor, no tratamento dos transtornos de ansiedade, dos transtornos psicossomáticos e alimentares. (SHINOHARA, 1997) O reconhecimento de seu potencial terapêutico também vem ocorrendo por outros profissionais da área de saúde mental.

Nione Torres (IACEP)
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