SÍNDROME DO CUIDADOR


Paciente oculto é todo cuidador de pacientes crônicos que sofrem diversas patologias que são instaladas devido ao trabalho que o cuidado despende.
Inúmeros artigos tratam a temática da sobrecarga a que os cuidadores profissionais são submetidos, mas poucos se referem ao cuidador domiciliar que é o denominado “Paciente Oculto”, não existindo no sistema de saúde vigente, até o presente momento uma abordagem específica para o “Paciente oculto”. Há uma ausência de programas de assistências a eles direcionadas.
O “Paciente Oculto” desenvolve o que denomino “Síndrome do Cuidador”. A Síndrome do cuidador consiste no conjunto de sinais e sintomas desencadeados devido ao trabalho de fornecer cuidado a um doente crônico, sendo que tais sintomas são de cunho psíquico.
Quando um membro da família fica debilitado, pessoa portadora de AVC, idoso, portadores de doenças degenerativas (doença que causa alteração do funcionamento do corpo), a capacidade de auto-cuidado, de cuidar de si mesmo, de tomar banho, comer e ir ao banheiro ficam comprometidos, essa pessoa passa a necessitar de cuidados externos fornecidos por alguém.
Neste momento é comum que um dos membros familiares se encarregue de dar o suporte necessário ao doente com o objetivo de lhe proporcionar dignidade.
Este processo tem tempo indeterminado, e pode durar meses em caso de uma cura demorada ou ainda nunca ocorrer, como em casos de algumas patologias degenerativas. E, despender tal cuidado faz com que o familiar fique cansado, sendo terreno fértil para desencadear transtornos psíquicos, surgindo assim a “Síndrome do Cuidador”.
No desempenho diário de cuidar de um doente, faz-se necessário elaborar uma nova rotina, uma série de mudanças pessoais que afetam a vida do cuidador diretamente.
No início existe uma dedicação maior onde o cuidador acredita na melhora do doente a qualquer momento, independente de qual seja seu vinculo familiar. Com o passar do tempo surge no cuidador à frustração, pois sua dedicação não mostra melhora no doente, desencadeando então um impacto negativo de seus cuidados prestados dificultando uma adaptação integrada no processo do cuidador com o doente.
O “Paciente Oculto” desenvolve a partir daí a “Síndrome do Cuidador”, dando inicio a diversas variáveis como cansaço físico e mental, aumentando seus problemas sociais (problemas de relações humanas), dificultando o convívio no lar, diminuição na relação sexual, perda de apetite (diminuição do peso ou compulsão alimentar), sonos agitados (privação do sono destrói os mecanismos cerebrais que controlam as respostas emocionais aos fatores de estresse), cefaléia (dores de cabeça com freqüência, dores faciais) irritabilidade (reações as excitações externas), desencadeando estresse (pode ser definido como soma de respostas físicas e mentais causadas por estímulos externos), a ansiedade (de certa forma está interligada com a palavra medo) e depressão (conjunto de alterações comportamentais, emocionais e pensamento, tais como afastamento do convívio social, perda de interesse em atividades do dia a dia), dor precordial e dispnéia (dores no peito com falta de ar), sudorese abundante (transpiração aumentada) e em alguns casos ocorre a síndrome do pânico (enfermidade caracterizada por crises inesperadas de medo e desespero).
Ao detectar um desses sintomas o “Paciente Oculto” (cuidador) deve procurar ajuda médica e psicológica, para que consiga reeducar sua forma de pensar, organizando seu dia, de forma a cuidar do doente e também de si mesmo.
O “Paciente Oculto”, para admitir a necessidade da ajuda de um profissional precisa de coragem para admitir que precise de auxílio. A partir daí será mostrado ao “Paciente Oculto” a melhor forma de lidar emocionalmente e fisicamente com o doente. As diretrizes propostas são normas que orientam como deve ser efetuada a intervenção do profissional de modo a oferecer suporte indicando medidas para diminuição a sobrecarga do “Paciente Oculto” e conseqüentemente propiciando uma melhora em sua qualidade de vida, curando-o da “Síndrome do Cuidador”.

Fonte: Cristina Maria Lopes
Especialista em Psicologia Jurídica; Psicoterapeuta Clínica Cognitiva Comportamental; Psicoterapeuta de Casal; Psicoterapeuta em Sexualidade; Avaliação Neuropsicológica- Adulto e Idoso; Neurobiologia da Ansiedade; Ludoterapia; Hipnoterapeuta; Design Instrucional para EaD Virtual (UNIFEI).

SEXUALIDADE X DEMÊNCIA



A sexualidade na velhice continua sendo um tema negligenciado pelos profissionais de saúde e pela sociedade de uma forma geral.
As pessoas esquecem que, mesmo após a oitava década de vida, muitos idosos continuam sexualmente ativos, pelo menos no que diz respeito ao interesse sexual.
Mas se o sexo na velhice ainda é um tabu na sociedade, imagine discutir a sexualidade dos idosos dementes!
O assunto foi tema de uma das mesas do congresso brasileiro de geriatria e gerontologia, que terminou no sábado em Belém (Pará), e surpreendeu muita gente, inclusive a mim, que desconhecia a dimensão do problema.
Muitos profissionais de saúde relataram que idosos com demência podem apresentar uma hipersexualidade e comportamentos como tirar a roupa em público, acariciar os genitais ou tentar agarrar o cuidador ou alguém da família.
Alguns profissionais orientam os familiares a não reagir, lembrando que o comportamento é decorrente da doença, não por vontade própria do idoso. E, de maneira calma, tentar distrair a pessoa com outra atividade.
Um relato recorrente foi de idosos querendo fazer sexo várias vezes ao dia. Segundo os médicos, isso também pode fazer parte do quadro de demência. A pessoa não se lembra que havia acabado de fazer sexo e volta a sentir “desejo” novamente.
Esse comportamento sexual pode ser causado por uma hiperexcitação do sistema límbico (região do sistema nervoso central responsável pelas emoções e sexualidade). Isso ocorre pela própria doença ou por medicamentos utilizados.
A fluvoxamina, bupropiona e trazodona, por exemplo, podem aumentar a libido. Já a clomipramina e a fluoxetina podem provocar orgasmos espontâneos.
Esse é um assunto que precisa ser mais falado, discutido com o médico e outros profissionais de saúde. Muitas famílias, porém, ainda preferem esconder esses comportamentos, o que é um grande equívoco.
Ouvi relatos dramáticos, como o de uma psicóloga que atendeu uma idosa que sofre calada a violência sexual praticada pelo marido demente. Aos 78 anos, ela não sente mais desejo sexual, não tem lubrificação vaginal, mas aceita manter relações sexuais com o marido porque o sexo o “acalma”.
Outros relatos parecidos foram feitos, o que mostra que há muita coisa debaixo do tapete. A questão do aumento da incidência do HIV entre os idosos é algo que também preocupa os especialistas. Há estudos mostrando, por exemplo, que o vírus entre os idosos pode acelerar processos demenciais em razão de alterações neurológicas. Mais uma razão para estimular o teste do HIV entre essa população.
São tantos os problemas de saúde (doenças crônicas e degenerativas) e sociais (falta de uma rede de cuidados) envolvendo a terceira idade que a sexualidade foi deixada em segundo plano por muito tempo.
Mas os novos velhos vêm desafiando o estereótipo tradicional da “velhice assexuada”. Com os medicamentos que permitem manter a ereção e a reposição de hormônios femininos perdidos na menopausa, a vida sexual deixou de ser datada. Agora, é preciso entender essas mudanças e criar condições para que elas se fortaleçam de forma segura.
Fonte: Folha de São Paulo.
By Berna Almeida
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