Diferença Entre a Psicologia Comportamental e a
Análise do Comportamento
ANDERSON DE MOURA LIMA
A Psicologia Moderna
é uma área do conhecimento que em 2009 fará 130 anos. Fundada em 1879 quando o
alemão Wilhelm Wundt criou o primeiro instituto de psicologia experimental
dotado de laboratórios na Universidade de Leipzig em seu país é uma área muito
ampla que possui diversas escolas de pensamento, áreas de pesquisa e que pode
se aplicada em diversos contextos. Muitos leigos, estudantes e até mesmo
profissionais de Psicologia em decorrência dessa amplitude confundem os
conceitos de Psicologia Comportamental e Análise do Comportamento. A maioria
acredita se tratarem da mesma coisa.
O objetivo deste
artigo é mostrar que a Análise do Comportamento é uma área definida do
conhecimento humano enquanto o termo “Psicologia Comportamental” é uma palavra
genérica que não diz muita coisa. No máximo podemos dizer que a Análise do
Comportamento está inclusa dentro da Psicologia Comportamental não
significando, portanto que são a mesma área.
Starling (2003), uma
dos maiores Analistas do Comportamento do Brasil, afirma que
“‘Psicologia Comportamental’ é uma denominação
excessivamente genérica. De uma maneira imprópria, esta denominação pode englobar
visões de mundo, pressupostos e conjuntos tecnológicos muito diferentes, muitas
vezes incompatíveis entre si, tais como, por exemplo, o behaviorismo primitivo
tal como formulado por Watson em 1913 e conhecido como Behaviorismo S-R, o
behaviorismo mentalista de Hull e o behaviorismo mediacional de Tolman, a
análise do comportamento de inspiração skinneriana, o neobehaviorismo
metodológico que encontra sua expressão mais madura nos cognitivismos
contemporâneos, o conjunto eclético e empirista das chamadas
‘comportamentais-cognitivas’ e ainda outras práticas que eventualmente usam o
adjetivo ‘comportamental’ para qualificar, muitas vezes inapropriadamente, o
seu substantivo. Assim, embora de uso comum por profissionais estranhos à área,
a denominação ‘psicologia comportamental’ simplesmente não faz sentido e não se
pode saber o que se deve entender por ela”.
Com respeito á
Análise do Comportamento Starling (2003) afirma que “a Ciência do Comportamento
[Análise do Comportamento] constitui um campo disciplinar por direito próprio,
uma ciência natural, com afinidades epistemológicas, conceituais e
metodológicas com a física, a química e a biologia contemporâneas”.
Falcone (2004) ao
diferenciar a prática clínica de Analistas do Comportamento (também chamados de
Behavioristas Radicais) e dos Psicólogos Cognitivistas - Comportamentais afirma
que
“Uma diferença entre
cognitivistas e behavioristas parece estar no nível de rigor científico que
permeia os conceitos teóricos de ambos os enfoques. Para os behavioristas
radicais, aceitar o uso da palavra ‘cognição’ seria aderir a uma postura
dualista, o que constituiria um sério problema metodológico. Deste modo, a
referência às reações cognitivas como ‘comportamentos encobertos’ foi uma
estratégia brilhante que estendeu o modelo operante à compreensão de fenômenos
mais complexos. Cognitivistas-comportamentais também consideram as cognições
como um sistema de respostas, mas não de uma forma tão compromissada com
contingências e com termos precisamente impostos. Embora preocupados com
validade empírica e expressão de conceitos operacionais, eles não são tão
rigorosos do ponto de vista científico. [...] Outra diferença encontrada entre
cognitivistas e behavioristas está na ênfase dada às contingências ambientais e
às cognições. Enquanto o primeiro grupo busca encontrar crenças subjacentes
para entender de que maneira as reações cognitivas influenciadas pelas
afetivas/fisiológicas e comportamentais, o segundo processo procura saber que
tipos de contingências levariam um comportamento a ocorrer e a influenciar
outro comportamento. Deste modo behavioristas radicais enfatizam a determinação
ambiental na compreensão dos comportamentos (abertos e encobertos) do
indivíduo, enquanto cognitivo-comportamentais priorizam os processos cognitivos,
considerando que o homem reage a um ambiente percebido e não a um ambiente
real”.
Se levarmos em
consideração essas colocações perceberemos que é um erro teórico confundir
Psicologia Cognitiva - Comportamental ou Comportamental - Cognitiva com Análise
do Comportamento.
No máximo podemos
dizer que a Psicologia Cognitva-Comportamental é um tipo de Psicologia
Cognitiva que se utiliza intensivamente de tecnologia criada pela Análise do
Comportamento, mas que apesar disso continua sendo um tipo de Psicologia
Cognitiva, pois não é embasada pelo Behaviorismo Radical - a filosofia de
ciência que embasa a Análise do Comportamento.
Esse tipo de
Behaviorismo é radical por que nega que os eventos mentais causam o
comportamento humano e que aqueles tenham uma natureza diferente destes. Assim
nega a existência de todos os eventos que não tenham uma explicação natural e
aceita, obviamente, todos os eventos que tenham essa propriedade.
A Análise do
Comportamento é uma Ciência Natural que se divide em três partes
“O seu braço teórico,
filosófico, histórico, seria chamado de Behaviorismo Radical. O braço empírico
seria classificado como Análise Experimental do Comportamento. O braço ligado à
criação e administração de recursos de intervenção social seria chamado de Análise
Aplicada do Comportamento”. (TOURINHO, 1999 apud CARVALHO NETO, 2002)
Uma das marcas mais
interessante da Análise do Comportamento é sua aplicação que está difundida em
vários contextos. Starling (2003) afirma que a Análise do Comportamento é constituída
de várias áreas de intervenção
“Da Modificação do
Comportamento, da Intervenção Clínica Analítico-comportamental, da Tecnologia
do Ensino, da Análise Comportamental das Organizações (Organizational Behavior
Management ou Performance Appraisal), da Medicina do Comportamento e da Análise
Funcional da Enfermidade (contextos médico-hospitalares) além de aplicações
particularizadas, tais como em problemas sociais (Behavior Analysis for Social
Action), autismo, engenharia de segurança, marketing, etc.”
O mais importante de
tudo é entendermos que não podemos falar do que não sabemos. A psicologia
brasileira e especialmente a piauiense carece muito de aprofundamento teórico e
na grande maioria das vezes os erros cometidos por estudantes e profissionais
de Psicologia derivam da falta de leitura e compreensão das escolas de
pensamento que fazem a Psicologia.
Starling (2003)
afirma que
“É somente através do
conhecimento da matriz conceitual como um todo, na plena articulação dos seus
componentes, que se pode apreciar criticamente a ciência do comportamento
[Análise do Comportamento] e talvez por isso, e por ser um campo lingüístico
muito recente (tem menos de 50 anos), é uma proposição ainda virtualmente
desconhecida, mesmo no meio profissional da psicologia e áreas afins. O pouco
que habitualmente se conhece – e se critica - restringe-se o mais das vezes a
um entendimento fragmentário do primitivo Behaviorismo S-R (estímulo-resposta),
já há muitas décadas de interesse somente histórico para o analista do comportamento.”
Fonte: https://psicologado.com.br/abordagens/comportamental/diferenca-entre-a-psicologia-comportamental-e-a-analise-do-comportamento
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